"Ajoelhe-se", eu lhe ordenei.
Você obedeceu, diante da magnitude de minha majestade.
Os pilares tão brancos o cegaram,
os réus, tantos que não se enxergavam.
"número um", minha voz ecoou pelo salão.
Um homem levantou. Ouvi o alívio do seu coração.
"inferno!", ordenei. Então tal corpo entrou em chamas.
"número dois", prossegui.
"inferno!", ordenei, e de novo a combustão.
Até que chegara seu momento.
Pude ver seu pensamento, era singelo.
Você morreu infeliz, tomado por si mesmo.
Então, você me disse: "eu morri infeliz,
tomado por mim mesmo. Eu
não fiz o que eu quis.
Eu vivi a esmo. Eu pertenço
ao inferno.", sua expressão esvaneceu.
Mas quem decidiria isso era eu.
Assisti à toda sua vida, linha por linha,
ano por ano, dia por dia.
Não tão mau para a morte,
não tão bom para a vida.
O céu não julgaria a corte,
o inferno te vomitaria.
"Você é um homem puro", disse.
Puramente asqueroso, do pior tipo.
Não havia lugar a qual pertencesse,
éden que subisse, abismo que descesse.
"Ele viverá toda sua vida novamente", eu bati o malhete.
"mas", interrompi aqueles que seguravam seu corpo,
prestes a lhe jogar de novo aos porcos,
e disse: "cada detalhe se repetirá,
cada dor e cada amor, cada miséria
você vai viver, até que eu esteja morto."
E, como este final amargo, você sentiu o gosto
de novo e de novo, de não pertencer a um lugar,
esse lugar, aquele lugar,
ou qualquer outro.
- Autor: Catorze ( Offline)
- Publicado: 9 de janeiro de 2025 21:26
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
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