\"Ajoelhe-se\", eu lhe ordenei.
Você obedeceu, diante da magnitude de minha majestade.
Os pilares tão brancos o cegaram,
os réus, tantos que não se enxergavam.
\"número um\", minha voz ecoou pelo salão.
Um homem levantou. Ouvi o alívio do seu coração.
\"inferno!\", ordenei. Então tal corpo entrou em chamas.
\"número dois\", prossegui.
\"inferno!\", ordenei, e de novo a combustão.
Até que chegara seu momento.
Pude ver seu pensamento, era singelo.
Você morreu infeliz, tomado por si mesmo.
Então, você me disse: \"eu morri infeliz,
tomado por mim mesmo. Eu
não fiz o que eu quis.
Eu vivi a esmo. Eu pertenço
ao inferno.\", sua expressão esvaneceu.
Mas quem decidiria isso era eu.
Assisti à toda sua vida, linha por linha,
ano por ano, dia por dia.
Não tão mau para a morte,
não tão bom para a vida.
O céu não julgaria a corte,
o inferno te vomitaria.
\"Você é um homem puro\", disse.
Puramente asqueroso, do pior tipo.
Não havia lugar a qual pertencesse,
éden que subisse, abismo que descesse.
\"Ele viverá toda sua vida novamente\", eu bati o malhete.
\"mas\", interrompi aqueles que seguravam seu corpo,
prestes a lhe jogar de novo aos porcos,
e disse: \"cada detalhe se repetirá,
cada dor e cada amor, cada miséria
você vai viver, até que eu esteja morto.\"
E, como este final amargo, você sentiu o gosto
de novo e de novo, de não pertencer a um lugar,
esse lugar, aquele lugar,
ou qualquer outro.