REM

joaquim cesario de mello

 

No adiantar das horas noturnas

lá fora a vida lateja

enquanto aqui dentro durmo

 

Dormito no embalar do meu menino

e escuto vozes que já não existem mais

 

O que sabem os morcegos e as corujas

das minhas narrativas oníricas?

No interior habitado dos sonhos

essências solitárias não me assombram

e nenhum uivar de qualquer lobisomem

há de me acordar para o escuro do quarto

 

Por debaixo dos lençóis das quimeras

deuses me sussurram segredos

que nem a mim mesmo ouso confessar

 

No interregno do etéreo e do mundano

passeio entre paisagens misturadas

pelo liquidificador das lembranças

e o emulsificar urdido das fantasias

 

Discordo de Freud quando diz

que sonhar é a realização de coisas

que não fazemos na realidade

pois comigo é a realidade que me invade

em busca de efetuar em minha alma

o que não consegue fazer com a carne

 

 

  • Autor: joaquim cesario de mello (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de janeiro de 2025 18:20
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7
Comentários +

Comentários1

  • Lucas Guerreiro

    Nossa estou adorando ler seus poemas! Confesso que durmo até mais tarde só pra aproveitar mais o outro mundo.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.