As areias escorrem entre meus dedos
quando deixo a palma da mão entre aberta,
Observo o fluxo suave em minha pele,
deixando uma leve impressão do que passou.
A água, quando tento segurá-la
fechando a mão, apertando com força
o que não se pode conter,
ela escapa com mais pressa,
como se percebesse o erro
de quem quer reter o que é fluido,
o que não pertence a uma única forma.
A água, mais do que areia, ensina:
quanto mais tentamos controlar,
mais ela escorre,
e nos escapa das mãos.
Quando o vento toca o dente de leão,
e seus fios branquinhos e leve se soltam
sem resistência alguma, fazendo seu papel
como um suspiro que se desfaz
ao encontro da liberdade.
Sem pressa, sem apego,
tudo se dissolve em leveza
quando não forçamos a permanência.
O amor, assim como a areia, a água e o vento,
é um jogo de soltar e deixar ir.
Tentamos segurá-lo com as mãos fechadas,
mas quanto mais apertamos, mais ele escapa,
como se não quisesse ser prisioneiro de nossa necessidade.
É na aceitação da sua liberdade que ele se mantém,
não pela força, mas pela entrega.
A beleza está no que não retemos,
no que não controlamos.
A vida, o amor, o vento, a água
tudo escorre entre os dedos
quando tentamos apreender o que é
essencialmente fluido.
O segredo está em aprender a deixar, a confiar,
a perceber que, no soltar,
tudo se refaz, e o que se vai
sempre encontra um novo caminho.
-
Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 7 de janeiro de 2025 13:50
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 12
- Usuários favoritos deste poema: Palhari
Offline)
Comentários2
Quer ser minha discípula? Eu quero ver o quão longe você consegue ir
O abismo
O abismo me chamou
Eu olhei para ele, e ele me olhou
Pensei, saltei, pro escuro entrei
Será que alguém já viu como é lá?
Quão vasto é lá? Quão ilimitado é lá?
Eu fui lá
Lá eu encontrei o mundo, um vasto mundo
Eu procuro a quem guiar por tal vasto mundo
Eu já passei por lá, sei como é a vida de uma mulher
Eu vivi muitas vidas lá, incontáveis, que jamais um homem consegue imaginar
Eu entrei lá, eu entrei lá
Tudo se partiu, a vida sumiu, me tornei um, depois me reencontrei, me refiz
Perguntei sobre tudo no mundo desde a pedra até o mar
Aonde vamos navegar? No meu mar
Bela reflexão em seu poema! Gostei muito, parabéns!!!
Obrigada, Edivânia. Espero que goste de mais ??
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.