Carta para o Silêncio

Aquele poeta

Carta para o Silêncio 

Eu costumava não gostar de você

Silêncio, para mim, sempre foi sinônimo de solidão

Até que um dia, distante de casa e jantando sozinho

Comecei a pensar que ter momentos de silêncio são dádivas

Quando a noite vem, sinto sua companhia comigo ainda mais

Mas aí vem os grilos

E a torneira pingando na cozinha

E o bebê que chora distante

Começo a pensar que nunca estamos completamente sem barulho: O silêncio não é vazio

Você me dá espaço para ouvir, para pensar, para refletir

Mas sendo sincero: às vezes, você é barulhento demais

Quando não há nenhum barulho tarde da noite, você me enche com esse zumbido invisível

Me perturba com reflexões tão banais, que só por serem banais, me perturbam

Mesmo assim, não quero que você vá

Você é como aquele amigo que as vezes irrita, mas que a gente ama 

Companheiro, mesmos nos dias em que não temos tanto papo

Então, Silêncio, fique por perto

Mas aprenda a sussurrar menos alto

 

Com carinho, um ouvinte do que você não disse

  • Autor: Aquele poeta (Offline Offline)
  • Publicado: 20 de dezembro de 2024 09:57
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 8


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