Promessas dançam ao vento,
como fitas em mastros de navios à deriva,
tecem sonhos efêmeros
e palavras que se dissolvem nas marés do tempo.
O amor, tantas vezes, é um castelo de areia:
erguido com mãos ansiosas,
moldado pela maré baixa da esperança,
mas sempre à mercê das ondas da dúvida.
A cada grão que desliza,
ouvimos o sussurro da transitoriedade,
lembrando que até mesmo o mais belo
é vulnerável ao toque do inevitável.
E ainda assim, construímos,
com dedos calejados e corações trêmulos,
como se a eternidade pudesse ser erguida
em alicerces de espuma.
Mas há aqueles que buscam além da praia,
nas montanhas onde o vento urra
e a pedra desafia o tempo.
O amor, então, pode ser rocha:
não tão fácil de moldar,
não tão rápido de construir,
mas inabalável diante das tempestades.
Ele não teme a erosão,
pois cada rachadura conta histórias,
cada cicatriz é um testemunho
de que resistir é tão belo quanto florescer.
E, no entanto, somos humanos,
feitos de carne, areia e sonho.
Ansiamos pelo eterno,
mas vivemos no transitório.
Como reconciliar a fragilidade do toque
com o desejo por algo imortal?
Como aceitar que mesmo as montanhas
são, no fim, pó diante do tempo?
Talvez o segredo não esteja
em construir o intocável,
mas em amar o efêmero
como se fosse eterno.
Pois o castelo de areia não é menos belo
porque a maré o reclama.
E a rocha não é menos amada
porque um dia será grão.
O amor verdadeiro, então,
é a fusão da areia e da pedra:
a coragem de erguer castelos,
a paciência de esculpir montanhas,
e a aceitação de que tudo,
seja areia, seja rocha,
é parte da mesma dança do universo.
Pois o que nos faz fortes
não é encontrar algo inabalável,
mas sermos inabaláveis
na nossa entrega ao amor,
mesmo sabendo que ele, como nós,
é tão frágil quanto eterno.
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 16 de dezembro de 2024 08:09
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe quando a gente tenta construir algo sólido, como um castelo de areia, e logo vem a maré e leva tudo? Pois é, esse texto surgiu de uma reflexão sobre o amor, esse grande desafio de construir castelos com as mãos e de tentar criar algo que resista ao tempo. A ideia é mostrar que, mesmo sendo frágeis como a areia, podemos ser fortes ao viver com a aceitação de que o efêmero também tem sua beleza. É como montar castelos com as mãos trêmulas, mas com o coração firme. E aí, o que você acha? Deixe seu comentário e vamos trocar umas ideias!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários1
Quem quer uma vida de rainha saiba segurar o seu marido com as pernas kkkk. Bom dia poeta.
kkkkkkkk E não se trata de uma atitude passiva. Quem segura com as pernas não é submissa, mas estrategista. Ela sabe a hora de usar sua sensualidade, seu humor e, claro, sua inteligência para fazer com que o marido perceba que, no fundo, ele não está apenas sendo segurado. Ele está sendo conquistado, dia após dia. Um jogo de sedução onde os dois são ganhadores.
Que incrível receber seu comentário tão espirituoso! Sabe, é como se estivéssemos esculpindo montanhas de palavras, e sua opinião bem humorada é o vento que dá forma ao que escrevo. Que sua vida seja cheia de montanhas fortes e castelos de paz!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.