Sezar Kosta

CASTELOS DE AREIA E MONTANHAS DE PEDRA

Promessas dançam ao vento,

como fitas em mastros de navios à deriva,

tecem sonhos efêmeros

e palavras que se dissolvem nas marés do tempo.

O amor, tantas vezes, é um castelo de areia:

erguido com mãos ansiosas,

moldado pela maré baixa da esperança,

mas sempre à mercê das ondas da dúvida.

 

A cada grão que desliza,

ouvimos o sussurro da transitoriedade,

lembrando que até mesmo o mais belo

é vulnerável ao toque do inevitável.

E ainda assim, construímos,

com dedos calejados e corações trêmulos,

como se a eternidade pudesse ser erguida

em alicerces de espuma.

 

Mas há aqueles que buscam além da praia,

nas montanhas onde o vento urra

e a pedra desafia o tempo.

O amor, então, pode ser rocha:

não tão fácil de moldar,

não tão rápido de construir,

mas inabalável diante das tempestades.

Ele não teme a erosão,

pois cada rachadura conta histórias,

cada cicatriz é um testemunho

de que resistir é tão belo quanto florescer.

 

E, no entanto, somos humanos,

feitos de carne, areia e sonho.

Ansiamos pelo eterno,

mas vivemos no transitório.

Como reconciliar a fragilidade do toque

com o desejo por algo imortal?

Como aceitar que mesmo as montanhas

são, no fim, pó diante do tempo?

 

Talvez o segredo não esteja

em construir o intocável,

mas em amar o efêmero

como se fosse eterno.

Pois o castelo de areia não é menos belo

porque a maré o reclama.

E a rocha não é menos amada

porque um dia será grão.

 

O amor verdadeiro, então,

é a fusão da areia e da pedra:

a coragem de erguer castelos,

a paciência de esculpir montanhas,

e a aceitação de que tudo,

seja areia, seja rocha,

é parte da mesma dança do universo.

 

Pois o que nos faz fortes

não é encontrar algo inabalável,

mas sermos inabaláveis

na nossa entrega ao amor,

mesmo sabendo que ele, como nós,

é tão frágil quanto eterno.