Promessas dançam ao vento,
como fitas em mastros de navios à deriva,
tecem sonhos efêmeros
e palavras que se dissolvem nas marés do tempo.
O amor, tantas vezes, é um castelo de areia:
erguido com mãos ansiosas,
moldado pela maré baixa da esperança,
mas sempre à mercê das ondas da dúvida.
A cada grão que desliza,
ouvimos o sussurro da transitoriedade,
lembrando que até mesmo o mais belo
é vulnerável ao toque do inevitável.
E ainda assim, construímos,
com dedos calejados e corações trêmulos,
como se a eternidade pudesse ser erguida
em alicerces de espuma.
Mas há aqueles que buscam além da praia,
nas montanhas onde o vento urra
e a pedra desafia o tempo.
O amor, então, pode ser rocha:
não tão fácil de moldar,
não tão rápido de construir,
mas inabalável diante das tempestades.
Ele não teme a erosão,
pois cada rachadura conta histórias,
cada cicatriz é um testemunho
de que resistir é tão belo quanto florescer.
E, no entanto, somos humanos,
feitos de carne, areia e sonho.
Ansiamos pelo eterno,
mas vivemos no transitório.
Como reconciliar a fragilidade do toque
com o desejo por algo imortal?
Como aceitar que mesmo as montanhas
são, no fim, pó diante do tempo?
Talvez o segredo não esteja
em construir o intocável,
mas em amar o efêmero
como se fosse eterno.
Pois o castelo de areia não é menos belo
porque a maré o reclama.
E a rocha não é menos amada
porque um dia será grão.
O amor verdadeiro, então,
é a fusão da areia e da pedra:
a coragem de erguer castelos,
a paciência de esculpir montanhas,
e a aceitação de que tudo,
seja areia, seja rocha,
é parte da mesma dança do universo.
Pois o que nos faz fortes
não é encontrar algo inabalável,
mas sermos inabaláveis
na nossa entrega ao amor,
mesmo sabendo que ele, como nós,
é tão frágil quanto eterno.