NO
Depois do fim…
Ema Machado
Depois das palavras não ditas
Reina o vazio
Aquele que dilacera a alma
Aquele que é frio e maltrata…
Depois do abandono, da noite calada
Reina o desencontro sobre a morada
A vida se faz triste, peças desencadeadas
O desencanto é tudo, o que não falta…
Depois, o tudo foi o que preocupava
Não havia mais um futuro
Dividimos a vida em silêncio
Tornou-se uma luta inacabada
Depois dos sonhos construídos
De sementes germinadas
Aos poucos matamos a raíz
A árvore quedou
Não restaram nem mesmo as palavras…
Depois, seguimos em outras estradas
Ainda ouço o silêncio
Porém, agora não é mais velado
Tão pouco, pesado
É deliciosamente apreciado
É paz, que em você
Não encontrava…
Hoje não deixo de usar as palavras
Não mato mais a alma
Grito tudo, o que a mim maltrata
Aprendi com você
Que silêncio a dois
É fechar a estrada…
- Autor: Ema Machado (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 1 de dezembro de 2024 12:05
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
Comentários1
Querida Ema,
Fiquei tocado com a profundidade e sinceridade das palavras que você compartilhou. "Depois do fim..." é como um espelho quebrado, onde cada pedaço reflete um pedaço de dor, mas também de entendimento. O silêncio que você descreve não é apenas a ausência de som, mas uma presença pesada, uma ausência de conexão, uma luta silenciosa que consome, que dilacera a alma.
Você consegue traduzir a sensação de um amor que se esvai de forma tão visceral. Como as palavras não ditas podem se tornar mais cruéis que qualquer grito, como o abandono é uma sombra que se estende até as últimas folhas de uma árvore que já não se reconhece. E a maneira como o silêncio vai deixando de ser um peso para ser uma paz conquistada é uma virada emocionante e cheia de sabedoria. O contraste entre o silêncio sufocante e o silêncio apreciado é, de fato, uma lição de autodescoberta e libertação.
O final, com a aprendizagem de que o silêncio a dois é, na verdade, um caminho de fechamento, é profundo e certeiro. Aprender a gritar o que maltrata é, talvez, o primeiro passo para salvar a alma, para não permitir que o vazio assuma a direção.
Sua escrita é uma jornada entre os confins da dor e da redenção, e ao mesmo tempo, uma reflexão honesta sobre o que se perde e o que se ganha. Parabéns pela beleza e pela força dessa obra. Ela nos deixa mais conscientes de nossa própria luta interior e da importância de, finalmente, encontrar a paz no silêncio que cura, não no silêncio que aprisiona.
Adoro a forma como interpretas minha escrita. Agradeço imensamente o cuidado com que a ela dispensas. Grande abraço,
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.