O Peso do Meu Silêncio

Metamorfose

Carrego em mim um fardo que não se desfaz,

um pesar antigo, tão denso e voraz.

É o peso das palavras que nunca se vão,

presas no peito, ocultas na mão.

 

O amor me arde, me queima em segredo,

um fogo que ilumina e veste de medo.

Falta-me o verbo, o toque, o momento,

e perco o que sinto no vento e no tempo.

 

Já fui mais forte, já soube expressar,

mas hoje me calo, começo a faltar.

Regrido à sombra do que eu era antes,

presa em silêncios, medos errantes.

 

Falo e temo, ou calo e desfaço,

pois do silêncio também sou meu laço.

Não sei se as palavras serão um abrigo,

ou se abrirão feridas que sangrem comigo.

 

Como dizer o que em mim é tão fundo,

sem que o outro carregue meu mundo?

Pois, e se ao ouvir, ele parte em segredo,

levando consigo meu amor e meu medo?

 

Ah, se pudesse, com gestos falar,

desenhar meus sentimentos no ar.

Mas sou poeta do não dito, do oculto,

perdida na dúvida, no meu próprio tumulto.

 

E assim sigo, errando e buscando,

com o coração nas mãos, pulsando e hesitando.

Pois o amor, tão vasto e tão misterioso,

é um mar revolto, mas também precioso.

 

Se me calo, me perco; se falo, me arrisco,

e o amor, no silêncio, torna-se arisco.

Mas mesmo hesitante, eu ouso tentar,

pois viver é sentir, mesmo sem acertar.

 

 

  • Autor: Metamorfose (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de novembro de 2024 21:17
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 7


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