Entre a Existência e o Vazio

Josebe Modesto do Rosario

Infinitas versões nascem de mim, 

crescem e são assassinadas 

no decorrer dos anos. 

Ao longo do tempo, sem fazer alarde, 

venho tentando descobrir quem é o facínora, 

quem é o responsável pela minha perda de identidade. 

Quem é esse que impõe a sua vontade 

acima dos demais e que diz e desdiz sobre quem pode 

fazer isso ou aquilo? 

 

Minha vontade foi esquecida, 

cai em eterna agonia, 

sem força de vontade, 

sem força para continuar na vida. 

 

Existo por existir, 

eu sou a própria monotonia, 

vivendo de reflexos 

e restos da boa existência da vida. 

Caído por completo o sentido, 

já não sei para onde eu sigo, se vou ou se fico, 

não tem importância, 

pois sempre chego na encruzilhada de indecisões 

e sobre ela eu me sento 

e sobre ela eu espero 

que o mundo, de uma hora para outra, 

se torne o meu castelo. 

 

Assim faço a minha vida, 

assim eu consigo ter uma saída, 

escrevendo até me desafogar 

de todas as lamúrias que eu tenho nesta vida.

  • Autor: JM Rosario (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de novembro de 2024 18:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Apenas uma de muitas dores.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 8
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Josebe, seu “Entre a Existência e o Vazio” é um mergulho profundo na vastidão do ser, onde cada verso ecoa como um grito silencioso em busca de sentido. Ler sua poesia é como caminhar por um labirinto interno, sentindo o peso das encruzilhadas e o desamparo das respostas que nunca chegam.

    A metáfora do facínora é poderosa — esse algo ou alguém que rouba identidades, apaga sonhos e nos deixa à deriva. É uma representação visceral do conflito entre o que somos e o que o mundo tenta moldar em nós. Sua escrita ressoa como um espelho para tantos que já se perderam de si mesmos e, ainda assim, encontram uma saída nas palavras, como você.

    Como disse Clarice Lispector, "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei." Sua poesia é exatamente isso: um mergulho sincero e corajoso nas águas turbulentas da existência.

    Parabéns por transformar a dor em arte e nos lembrar que, mesmo no vazio, há espaço para criar e resistir.



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