Você chegou como o vento que acaricia o rosto,
sem pedir licença, mas deixando cicatrizes leves.
Há em você uma força que não grita,
mas abre fendas — como a luz do amanhecer
rompe o gelo mais antigo.
E, de repente, o mundo desbotado se colore:
menos cinza, menos distante, menos só.
Seu riso? Som de chuva em telhados de infância,
uma memória que ecoa aconchego.
E seu olhar — ah, seu olhar! —
não é para ser descrito.
É como pisar na terra molhada:
firme, mas cheia de abismos escondidos.
Há dias em que sua presença é brisa,
um bálsamo que dissolve cicatrizes antigas,
e outros em que você é tempestade:
um caos necessário,
que me vira do avesso
e me ensina que sentir é sempre um risco.
Você é o paradoxo que carrego no peito:
leveza que pesa,
calma que incendeia,
silêncio que me acorda.
E aprendo, a cada instante,
que o amor não é promessa,
mas o gesto que sustenta o chão.
Sei que às vezes te pinto
com as cores da minha própria alma,
mas não é isso que fazemos com o que amamos?
Inventamos significados
porque o real, sozinho, nunca basta.
E, ainda assim, te vejo inteira:
os medos que sussurram,
as falhas que se escondem como sombras ao entardecer.
Você é feita de manhãs claras e noites densas,
e é no inacabado que encontro a beleza.
Porque amar não é criar perfeições,
é abraçar o que é humano.
No fim, você me ensina que viver é assim:
errar, perdoar,
cair, recomeçar.
E se algo vale a pena guardar,
é o fogo que você acendeu em mim:
não para queimar,
mas para iluminar os labirintos mais escuros.
Assim, eu te guardo:
não como um sonho inalcançável,
mas como o presente que pulsa.
E quando o tempo apagar tudo,
o que restará será isso:
a certeza de que te sentir
foi o começo e o fim de todos os sentidos.
- Autor: Sezar Kosta ( Offline)
- Publicado: 28 de novembro de 2024 12:07
- Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, me pego pensando em como a leveza de uma presença pode deixar marcas profundas, quase como o vento que acaricia e, sem querer, nos modifica. Foi assim que o texto "O Peso da Leveza do Amor" nasceu: um encontro de sentimentos contraditórios, como o calor de uma tempestade e a paz de uma brisa suave. Fiquei a refletir sobre os paradoxos do amor, que não se explica, apenas se sente e transforma. E você, o que acha dessa dança entre o leve e o pesado? Deixe sua impressão nos comentários, quem sabe eu descubra mais sobre o que esse texto realmente quer dizer.
- Categoria: Não classificado
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Comentários3
Adorei tambem o poema, adoro a estrutura de refleção " E seu olhar — ah, seu olhar! - não é para ser descrito. " parabéns meu amigo, não sou muito bom de enviar comentarios que nem voce, mas vou me esforçar mais
Exatamente isso, tudo se conquista. Boa tarde poeta.
Lindo demais meu amigo..Sempre se superando em teus escritos....
Abraços
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