O TOQUE DA LUZ DO AMOR

Sezar Kosta

No princípio, havia o silêncio.

Um deserto sem nome,

Onde o vento, como mãos invisíveis,

Acariciava memórias já esquecidas.

A alma, nua e solitária,

Vagueava entre ruínas,

Tateando a escuridão,

Buscando algo —

Tão distante quanto o horizonte.

 

O amor era uma chama apagada,

Que dançava frágil, ao vento.

Uma esperança murmurada,

No peito cansado, como uma prece.

Um pulso que pedia a vida,

Na quietude do existir.

 

Então, veio o toque,

Não de mãos, mas de uma brisa,

Que atravessou as sombras,

E costurou as feridas do ser,

Com um fio de luz,

Como o amanhecer, tímido e gentil,

Sem pressa, sem alarde,

Só um sopro que aqueceu o peito

Ainda gelado pela noite.

 

O amor não exigiu, não se impôs,

Apenas se derramou,

Como chuva suave,

Sobre as rachaduras da alma seca.

E onde antes havia vazio,

Brotes de flores surgiram,

Cada pétala uma promessa de cura.

 

O amor não precisava de corpo,

Era vasto como o céu,

Profundo como o mar.

Uma melodia que dançava,

Entre os pensamentos e os sonhos,

Uma luz se infiltrando,

Iluminando os cantos esquecidos,

Onde a sombra ainda morava.

 

Trouxe consigo a coragem de sentir,

De olhar as cicatrizes não como marcas,

Mas como mapas da beleza,

Que o coração, ainda pulsante,

Guardava em segredo.

Não apagou a dor —

Transformou-a em poesia.

 

Agora, o vazio era pleno,

Não de ausência, mas de paz.

O amor construiu seu refúgio,

Feito de silêncio e harmonia,

De palavras não ditas e olhares invisíveis.

 

E o coração, antes quebrado,

Descobriu que não precisava ser inteiro

Para ser capaz de amar.

Porque o amor não é posse,

É partilha.

Não é presença,

É conexão.

 

E o que antes era escuridão,

Agora era um céu estrelado,

Onde cada estrela trazia consigo

A memória do amor que transformou

A solidão em constelação.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de novembro de 2024 16:00
  • Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, me pego pensando que o amor é como aquela luz tênue que aparece no fim do túnel, sabe? A gente fica lá, perdido na escuridão, achando que nunca vai chegar. A dor é como um peso, e a solidão, um velho amigo que não quer se despedir. Mas, sem que a gente perceba, algo vai acontecendo... O amor chega, mas não da forma que a gente espera — ele vem como uma brisa, leve e suave, e de repente tudo começa a fazer sentido. Não é preciso ser perfeito, não precisa estar inteiro, o importante é se permitir sentir, se conectar. E é incrível como a dor, com o tempo, pode se transformar em algo tão belo quanto poesia. Enfim, é uma jornada, mas a paz vem, e o vazio... bem, ele vira constelação. Agora, me conta, o que você achou dessa viagem? Quero muito saber suas impressões! Deixe um comentário aí. :)
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