O RIO DO CORAÇÃO

Sezar Kosta

Vem, viajante, ouvir o cântico do vento,

que tece segredos nas margens do tempo.

Deixa que a brisa sussurre verdades,

e cada folha caída seja um verso:

a viagem começa nas águas do teu ser.

 

No vale oculto onde os rios se encontram,

teu coração é um farol na névoa espessa.

Como águas que cintilam sob a lua cheia,

ele desvela mistérios de luz e penumbra,

profundos e vastos como o céu estrelado.

 

Cada corrente traz a intuição,

um fluxo que abraça medos e esperanças.

Escuta os pássaros que despertam o dia,

são ecos de amores não ditos,

convites a sonhar, a sentir, a transbordar.

 

Às margens do espelho d’água, fita o reflexo,

não apenas teu rosto, mas tua essência errante.

Assim como o rio se curva à pedra,

aceita tuas falhas, teus abismos,

pois é no tropeço que nasce a plenitude.

 

Nas noites sem lua, busca o céu mais escuro,

pois é ali que as estrelas mais brilham.

Cada uma é um fragmento de ti mesmo,

um mapa desenhado por dores e amores,

guiando o viajante ao infinito do agora.

 

E quando o curso do rio te trouxer de volta,

descobrirás que o maior tesouro

não era o destino, mas o caminho,

as perguntas feitas à correnteza,

os laços forjados entre alma e universo.

 

Então, segue, viajante, de braços abertos,

pois o coração é rio, bússola e mar.

Que cada passo seja um gesto de entrega,

e que a jornada nunca cesse,

pois viver é fluir.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de novembro de 2024 06:36
  • Comentário do autor sobre o poema: Você já sentiu que a vida é como um rio, cheio de curvas inesperadas, algumas suaves como um abraço e outras tão abruptas que nos fazem perder o equilíbrio? Pois bem, foi esse pensamento que me levou a escrever O Rio do Coração. Estava naquele estado de quem encara o próprio reflexo, mas não procura perfeição, só verdade. Os tropeços, que antes pareciam pedras no caminho, começaram a parecer lições disfarçadas – um jeito curioso que a vida tem de ensinar sem avisar. E percebi que não importa tanto onde esse rio vai dar, mas as paisagens que ele me mostra enquanto flui. Agora é a sua vez, viajante: o que você viu nesse rio? Quais reflexos o poema trouxe para o seu coração? Deixe nos comentários, vou adorar saber por quais águas você tem navegado.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7
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