Vem, viajante, ouvir o cântico do vento,
que tece segredos nas margens do tempo.
Deixa que a brisa sussurre verdades,
e cada folha caída seja um verso:
a viagem começa nas águas do teu ser.
No vale oculto onde os rios se encontram,
teu coração é um farol na névoa espessa.
Como águas que cintilam sob a lua cheia,
ele desvela mistérios de luz e penumbra,
profundos e vastos como o céu estrelado.
Cada corrente traz a intuição,
um fluxo que abraça medos e esperanças.
Escuta os pássaros que despertam o dia,
são ecos de amores não ditos,
convites a sonhar, a sentir, a transbordar.
Às margens do espelho d’água, fita o reflexo,
não apenas teu rosto, mas tua essência errante.
Assim como o rio se curva à pedra,
aceita tuas falhas, teus abismos,
pois é no tropeço que nasce a plenitude.
Nas noites sem lua, busca o céu mais escuro,
pois é ali que as estrelas mais brilham.
Cada uma é um fragmento de ti mesmo,
um mapa desenhado por dores e amores,
guiando o viajante ao infinito do agora.
E quando o curso do rio te trouxer de volta,
descobrirás que o maior tesouro
não era o destino, mas o caminho,
as perguntas feitas à correnteza,
os laços forjados entre alma e universo.
Então, segue, viajante, de braços abertos,
pois o coração é rio, bússola e mar.
Que cada passo seja um gesto de entrega,
e que a jornada nunca cesse,
pois viver é fluir.