Sezar Kosta

O RIO DO CORAÇÃO

Vem, viajante, ouvir o cântico do vento,

que tece segredos nas margens do tempo.

Deixa que a brisa sussurre verdades,

e cada folha caída seja um verso:

a viagem começa nas águas do teu ser.

 

No vale oculto onde os rios se encontram,

teu coração é um farol na névoa espessa.

Como águas que cintilam sob a lua cheia,

ele desvela mistérios de luz e penumbra,

profundos e vastos como o céu estrelado.

 

Cada corrente traz a intuição,

um fluxo que abraça medos e esperanças.

Escuta os pássaros que despertam o dia,

são ecos de amores não ditos,

convites a sonhar, a sentir, a transbordar.

 

Às margens do espelho d’água, fita o reflexo,

não apenas teu rosto, mas tua essência errante.

Assim como o rio se curva à pedra,

aceita tuas falhas, teus abismos,

pois é no tropeço que nasce a plenitude.

 

Nas noites sem lua, busca o céu mais escuro,

pois é ali que as estrelas mais brilham.

Cada uma é um fragmento de ti mesmo,

um mapa desenhado por dores e amores,

guiando o viajante ao infinito do agora.

 

E quando o curso do rio te trouxer de volta,

descobrirás que o maior tesouro

não era o destino, mas o caminho,

as perguntas feitas à correnteza,

os laços forjados entre alma e universo.

 

Então, segue, viajante, de braços abertos,

pois o coração é rio, bússola e mar.

Que cada passo seja um gesto de entrega,

e que a jornada nunca cesse,

pois viver é fluir.