O AMOR É ISSO (O SOPRO DA ETERNIDADE)

Sezar Kosta

Ela fechava os olhos

não por cansaço,

mas como quem ouve uma prece.

Era um ritual silencioso,

um gesto de quem entende que a beleza

não se entrega ao olhar distraído,

mas escorre por entre os sentidos

como água que corre pelas mãos.

 

Lembro daquela tarde —

o céu vestido de ouro líquido,

as árvores dançando em murmúrios.

E ela, imóvel, com as pálpebras cerradas,

permitindo que o sol tocasse sua pele

como se ali houvesse algo mais que calor:

uma conversa muda entre a luz e a alma.

 

Eu, à sombra do instante,

vi algo que nunca soubera buscar:

o universo cabe no menor dos gestos

quando a vida é vivida com olhos fechados.

E percebi que o amor não grita,

ele respira em detalhes:

o voo hesitante de um pássaro,

o brilho primeiro de uma estrela,

a despedida de uma folha.

 

Ali, naquele crepúsculo,

aprendi que o efêmero não morre —

ele se dissolve em eternidade

no peito de quem o sente.

Porque amar é isso:

dar ao instante a imensidão que ele carrega,

como o vento que, em seu sopro breve,

traz consigo a memória de toda uma vida.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de novembro de 2024 08:03
  • Comentário do autor sobre o poema: Sabe aquela mágica que acontece quando a gente observa algo tão bonito que parece querer escapar do tempo? Foi isso que me inspirou a escrever "O Sopro da Eternidade". Tudo começou numa tarde dourada, quando percebi que minha amada tinha um jeito único de saborear o instante: ela fechava os olhos, como se quisesse aprisionar a beleza e guardá-la só para si. Não era cansaço — longe disso! — mas quase um ritual sagrado, como quem ouve uma prece ou guarda um segredo precioso. Naquele gesto tão simples, descobri uma profundidade que o tempo não consegue apagar. Desde então, passei a enxergar o mundo com outros olhos — ou talvez com os dela. Aprendi que o amor não precisa ser grandioso; ele mora nos detalhes que, vistos com o coração, se tornam eternos. O efêmero, quando vivido assim, se transforma em memória, em poesia, em sopro de eternidade. E você? Já viveu um momento tão intenso que pareceu eterno? Vou adorar saber o que você pensa sobre isso! Deixe um comentário e compartilhe comigo suas impressões.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 11
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Comentários +

Comentários1

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Nossa lindo Poema, diversos momentos vivi como se fossem eternos, tudo que é bom eu eterniso, lembro com amor e carinho. O seu poema trás a tona esses sentimentos. Boa tarde poeta.

    • Sezar Kosta

      Há momentos que não podem ser tocados com as mãos, mas que ficam em você como se tivessem marcado a pele. Momentos tão simples, tão rápidos, que só aqueles que sabem realmente olhar sabem capturar. Aconteceu com você, não foi?

      Agradeço de coração por sua leitura e pelo carinho do comentário! Que a vida te presenteie com muitos desses momentos que nos fazem fechar os olhos e sentir a eternidade.



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