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A solidão não é como uma ilha, está mais para o oceano.
Não é a luz, é a escuridão que a preenche.
Dentro da mente, pode ser de qualquer forma:
Uma cova, uma caverna, um quarto,
Mas não se limita a um espaço.
Cabe uma multidão onde sobrevive o solitário.
Sem foco, ser sozinho é não enxergar o outro, talvez por descuido...
Sem pouso, quem por ele passa, atravessa o vazio, sem matéria para ser compartilhada.
A luz que chega por frestas, projeta as sombras do distorcido mundo do ser acorrentado a seu próprio ego e sem eco.
Perturbando a ordem de quem deseja o outro ausente, o solitário se vê cercado de um monte de gente com quem colide, caso se movimente.
Ser solitário é ser sedentário e não há raízes que o segurem, ao contrário.
Dentro de um abrigo lacrado contra o outro, não há mão e nem chuva que regue o que o ser sozinho planta.
Terreno árido é a alma que se entorpece de outra alma que se pretende inerte e isso implica muito atrito.
Quanta energia se perde ao tentar parar o movimento natural do mundo. De fato, o solitário está sempre cansado.
Quanto sofrimento e dor, o ser sozinho se infringe ao tentar de evitá-los. Conclui-se disso, sente-se sempre ferido e ressentido.
Faz como muitos outros: escolhe uma máscara e segue por alguma estrada.
Encara o encontro com o outro tão carente a quem se apresentou negligente e indiferente. Vê as feridas e as cicatrizes infligidas por ti enquanto se fez ausente?
Invisível é a ternura, humildade, responsabilidade, aos olhos de quem julga.
- Autor: Charlotte Manso (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 16 de novembro de 2024 11:52
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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