Hoje não sou feliz
porque o tempo
é de uma infinita efemeridade
e tudo é passagem
todos nos passaremos
com exceção dos natimortos
passaremos
de pés calçados, desconfortáveis
mas, no chão
caminharemos
tempo desordeiro
ou celebrando a sorte
sentiremos
qual arranhão dói menos
amaremos sem razão
desprezaremos sem querer
quem tem amor para passar invernos juntos
sofreremos
porque é assim
uma hora é deslumbre
outra de queixume
hoje não sou feliz
nesta manhã mesmo ensolarada
na TV anunciaram aumento da cesta básica aos desempregados
há dias com morta sensação de esperança
passaremos
com exceção dos natimortos
que não apreciaram das medidas
da vida
nem choro, nem riso
puderam passar por seus corações
não se pode dizer o mesmo de sua mãe
mais uma dor que carregará para sempre.
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Autor:
CORASSIS (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 11 de novembro de 2024 10:48
- Comentário do autor sobre o poema: Imagem de Karen .t por Pixabay
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
Offline)
Comentários3
Poesia forte e impactante. Intensidade é a marca desse mestre poeta!!! Parabéns pela ousadia e pela bela poesia!!! Beijos.
Passaremos! E na velocidade da luz!
O tempo não faz concessões e não espera por ninguém.
E o ser humano está perdendo muito tempo, espalhando ódio, tocando o terror, perdendo tempo com guerras, esquecendo de amar e respeitar o seu semelhante.
Grande abraço, amigo poeta Corassis.
SERGIO NEVES - ...meu amigo...,...um poema-verdade esse teu...,...é a inexorável ação do tempo se fazendo sobre nós, seres humanos muitas vezes impotentes... / ...embora versaste mais o "lado mau" dessa questão toda, dizendo de agruras mil havidas por essa nossa "passagem temporal" (...há também algumas flores no meio desses "espinhos" todos...), retrataste tudo com excelência poética bastante envolvente...-com a tua marca! /// Abçs.
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