E olhava impaciente para o velho índio o general com seus 50 anos de idade e 30 de serviço
O velho índio apenas observava dentro da tenda sentado com seu cachimbo em mãos
Do lado de fora como que esperando a ordem, a tropa com seus canhões
O povo parado olhava em silêncio
O velho chefe apenas olhava para o homem a sua frente
Concentrado, em paz, de alma equilibrada
O general lhe perguntou com autoridade que lhe cabia como senhor de força e do momento
Então, se retirarão ou devemos atirar?
O velho lhe olhou e disse
Esta é nossa terra
Foi a terra de meu pai e do pai do meu pai
O oficial lhe olhou com desdém e interpelou
O que isso me diz respeito?
Somos filhos desse chão
Nascemos aqui
Morreremos aqui
Nos reunimos aqui para cantar em frente da fogueira
A natureza vive em nós
E o tempo passará e nós continuaremos aqui
E o vento passará e nossas vozes ainda serão ouvidas
Somos filhos dessas terras
E iremos embora para a terra de nossos ancestrais, mas continuaremos aqui
E todos aqueles que passarem ouvirão nossos cantos e o som de nossos tambores
Nossa língua ecoará pelo tempo
Somos a relva que cresce por sobre a terra com as primeiras gotas da chuva
Somos a raiz das árvores que crescem nesse lugar
Somos em espirito parte desse chão
E ouvirão sobre nós
de noite e de dia
sobre o sol e sobre a chuva
em vida e depois de nossa morte
somos filhos do céu
e a águia canta por sobre a planície
Nossa morte não nos tirará daqui
nem a distância
O oficial ouviu aquilo e saiu, deu ordem a tropa e eles se retiraram
O velho índio saiu e olhou a tropa ir ao longe voltando para o seu lugar de origem
Um jovem guerreiro chegou e perguntou-lhe
Foram embora por que?
Um homem pode viver
sem água
sem comida
em terra árida
viver sem ao relento
sem povo
sem rumo
sem destino
sem futuro
Mas jamais conseguirá enfrentar sua consciência
Seu inimigo é o seu juízo
seu grilhão é sua mente
Não se troca dignidade por glória
Não há glória sem paz
Não há homem sem alma
Não há respeito sem paz de espirito
O general olhou para trás e se foi
Foi
foi
foi
Embora
se
foi.
- Autor: kleisson ( Offline)
- Publicado: 10 de novembro de 2024 10:27
- Comentário do autor sobre o poema: contemplar o eu interior e refletir sobre si.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
Comentários1
mds juro que arrepiei, você escreve muito bem !!!!
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