Devaneio
Dou alguns passos calado em um dia cinza,
Copacabana grita e explode em alegria,
Mas não me desperta.
No caminho, em meio a noite fria,
Reconheci Bentinho e os cães vagabundos
Em uma sombra que passou por mim
No alto da praia do Flamengo.
Nas mãos, o veneno da vida,
Pronto para se atirar e destruir o que nela se vive.
Na cabeça, alguns olhos dissimulados
E arrependimentos excessivos,
Daqueles que deprime os que já, por natureza,
Morrem de saudades.
O mar tornou-se mudo,
ou, com a distração que vinha comigo,
Não o notei até que me molhasse os pés.
Lá no horizonte a extensão do mundo
Me diminuía a cada vez que o encarava.
Em cada serra acinzentada,
Em que meus olhos repousavam.
Em cada navio desaparecendo no horizonte
Aonde meus olhos, recordando dos teus
Perderam-se tristes e silenciosos.
Meu amor, o mundo é grande,
mas está doente.
Leonardo Ramos
- Autor: Leonardo Ramos ( Offline)
- Publicado: 8 de novembro de 2024 12:53
- Comentário do autor sobre o poema: "Devaneio" é um poema profundamente existencialista, em que o poeta parece confrontar tanto suas angústias internas quanto o vasto e indiferente mundo exterior. A linguagem poética é carregada de simbolismo, intertextualidade e uma intensidade emocional que revelam as complexas camadas do eu lírico que utiliza imagens evocativas e contrastes entre o humano e o natural para construir uma reflexão sobre a solidão, o arrependimento e a fragilidade das conexões humanas em um mundo vasto e, por vezes, indiferente.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
Comentários1
O mundo está doente talvez pela correria de querer o material, talvez quando as pilastas forem equilibradas tudo isso mude. Muito bom tema abordado. Boa tarde poeta.
Obrigado pela leitura, boa noite!
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