MORADA DO SILÊNCIO

Sezar Kosta

Amar é mais que gestos que se perdem no vazio,

mais que lágrimas varridas pelas madrugadas,

seja por raiva ou saudade.

 

Amar é entrar em silêncio,

é sentir o cheiro do outro, o calor do corpo,

no abraço que faz o coração saber onde mora.

O amor não se define, nem se mede ou explica —

ele acorda o corpo, desperta a pele,

vive e respira em cada batida sem nome.

Quem tenta explicar o amor, não ama.

 

Eu poderia falar de tudo,

do que é terreno ou do que é céu,

mas sem amor, de que vale a palavra?

Só quem ama conhece o real,

tornando-se puro, bondoso, invisível

como o calor que nunca se vê.

 

Amar é uma dor que não dói na carne,

mas na alma que se alegra e se entristece,

numa dança entre o doce e o amargo.

 

É querer estar perto,

mesmo na solidão,

é celebrar uma perda,

é escolher o outro antes de si,

viver com fidelidade em meio a contradições.

 

Enquanto tudo parece cinza,

o amor colore.

Quando o horizonte se quebra,

é o amor que nos devolve a visão.

 

Quem ama encontra a paz

que o mundo insiste em tirar.

Amar está no riso compartilhado,

no abraço que dissolve qualquer medo,

nas borboletas que fazem do encontro

uma dança única e insaciável.

 

Amar é o que faz o comum,

extraordinário.

É ver no outro o que em nós faltava,

e achar a calma onde o mundo é tempestade.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de novembro de 2024 09:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Sabe aquele momento em que a música se conecta com algo dentro da gente e nos faz enxergar sentimentos de uma forma nova? Foi mais ou menos assim que nasceu Morada do Silêncio. Estava ouvindo “Monte Castelo” da Legião Urbana, e, como numa dessas conversas profundas que temos com nós mesmos, comecei a refletir sobre o que o amor significa para mim. E, olha, o amor sempre foi uma presença misteriosa e paradoxal na minha vida: ao mesmo tempo doce e amargo, silencioso e avassalador. O amor que escrevi em Morada do Silêncio não é o tipo de amor que cabe em contos de fadas ou que se explica em meia dúzia de palavras. É o tipo de amor que desafia a lógica, aquele que desperta o corpo inteiro e, ainda assim, vive invisível. E talvez seja esse o encanto – algo que vai além do dia a dia, mas que também transforma cada gesto simples numa experiência extraordinária. Se ficou curioso, deixe um comentário! Quero saber: como o amor se apresenta para você?
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10
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Comentários +

Comentários2

  • Melancolia...

    Que possas descansar nesse amor, diante as tempestades da vida....

    Abraços.

    • Sezar Kosta

      Muito obrigado pelo comentário! Saber que o poema tocou alguém é sempre uma alegria enorme. Que o amor continue a ser essa dança de sentimentos, nos inspirando e dando aquele calorzinho no peito. Volte sempre, e que você tenha sempre amor e paz no coração!

    • Rosangela Rodrigues de Oliveira

      "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor seria como metal que soa ou como sino que tine". Coríntios 13...Lindo seu poema. Parabéns poeta.

      • Sezar Kosta

        Obrigado pela leitura e pelo carinho do comentário! Fico feliz que o poema tenha tocado seu coração. Que a vida lhe presenteie com muitas dessas pequenas alegrias do amor – afinal, são elas que nos fazem seguir em frente com leveza. Volte sempre, é um prazer tê-la por aqui!



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