Todos os dias, levanto e tomo meu café da manhã.
Meus comprimidos estão no ralo da pia.
Parei de tomar eles faz tanto tempo…
Porque não sinto nenhuma melhora.
A dor dos meus suspiros só piora.
Eles transformam meu corpo em uma tempestade.
Mas no fim, nada muda.
E mais um dia passa.
Às noites, perfuro minha garganta.
Meu corpo fica ensanguentado.
Minha mente busca alívio,
e me encontro aqui.
Nesta folha de papel em branco.
A cada verso, eu abro uma janela.
Que há anos estava emperrada.
Eu sinto um sopro de ar fresco.
Eu nem percebo os dias passando, é tão rápido.
Porque eu queria dormir para sempre.
Deitado na cama, com o celular na mão.
Meus olhos vermelhos lacrimejam.
Essa angústia me toma o apetite.
Eu quero acabar o meu dia o mais rápido possível.
Na esperança de um amanhã melhor
Será que ainda estou acordado?
Através da janela, consigo ver o céu.
E posso observar os aviões passando.
Eu costumo me imaginar dentro deles.
Indo para o mais longe possível.
Indo para todos os lugares que existem.
Mas existindo em nenhum deles.
Sobrevoando lá no alto, eu olho para baixo - o mundo cinza.
Porque já esqueci das cores que nele brilhavam.
Um verso, e tudo se clareia.
Um horizonte vazio começa a tomar forma.
O que é esse sentimento que me contagia?
É a sensação de ser sincero comigo mesmo?
A tinta da caneta pinga na folha de papel,
Eu comecei sem forças, vou terminar com menos ainda.
Mas eu continuo escrevendo.
Eu ainda estou tentando.
Quem estou enganando?
Eu gosto dessa sensação.
Eu gosto do alívio.
Eu gosto de viver.
Eu gosto de mim.
Eu gosto de ter um propósito.
Manchar o papel com tinta.
Liberta-me dessa melancolia.
- Autor: Rip (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 31 de outubro de 2024 09:04
- Comentário do autor sobre o poema: Escrever é meu escape. Escrito dia 08/09.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
Comentários1
Gostei. Tem apelo emotivo forte e uma inquietação que pede uma válvula de escape. Poesia aliviadora da alma.
Obrigado, fico feliz que a emoção do poema lhe alcançou!
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