Desta vez o bom dia não foi bom.

Me sinto perdida, em meio aos meus próprios sentimentos; não me encontro... Me sinto sozinha, machucada; muitas vezes até sou desprezada. Mas o que importa disso tudo? Por que eu ainda tento?

Me machucar parece a solução, mas eu sei que isto não é um fato. É, sim, parte de uma solidão. Esquecida, sem volta para o lugar de onde vim, me vejo escrevendo em um bloco de notas. Algo repetidamente: esta máscara que construí acaba sempre me destruindo.

Sorrisos falsos podem lhe conquistar; talvez deste mundo eu deva estar. Palavras arrogantes podem me machucar; com isso, a depressão pode me tomar... deixando meu dia sem cor, vivendo meu mundo repleto de dor.

Ontem mesmo, eu liguei pra você. Por que não atendeu? Eu achei que a culpada fui eu... E quer saber? Eu estava certa; a errada sempre sou eu. Tenho que tentar consertar tudo e ser boa com todo mundo.

Eu só queria um abraço para enfim poder chorar; para assim minhas lágrimas derramar. Eu queria sumir, queria esquecer de tudo e fugir. Desta solidão eu não aguento mais. Viver é entediante demais.

Talvez eu só precise de um amor? Por que tudo parece pura solidão e sem cor? Eu realmente queria voltar ao tempo e não nascer. Mas talvez seja tarde demais; o pôr do sol já dá para se ver.

Bom, eu estava no quarto sentada, refletindo sobre o porquê da vida. Quando, de repente, as pílulas que tomei fazem efeito, me deixando desacordada... É um triste fim sem jeito.

De manhã, minha mãe nota que não acordei. Vai até meu quarto e percebe que ontem à noite chorei. Me vê caída no chão e, com um terço na mão, começa a rezar, a dizer que tudo vai voltar. Mas sabe? Eu já estou pálida, sem vida, sem cor, sem nada.

Ela espera uma ambulância chegar; me vê na maca com uma tristeza no olhar. Liga para todos os familiares desacreditada; até que sim, aceita que eu virei uma estrelinha e fica preocupada.

Meu pai não sorri como antes. Os jogos do Corinthians nunca foram tão entediantes; minha mãe... ela nem sequer se levanta da cama. Passa o dia todo a chorar, com lágrimas e dor no peito em prantos esperando um dia eu voltar.

A dor que tinha em meu peito agora se foi... Meu irmão, que sempre chegava de viagem me via pronta para correr a abraçá-lo; agora sente dor ao voltar casa.

Tudo passou, mas a dor ficou, atormentando todos que eu não queria machucar. Desta vez, eu realmente queria voltar. Agora, até meus amigos não conseguem estudar. Só Deus vê a tristeza em seus olhares. 

Uma vez eu disse que queria morrer, até ver todos chorando. Mas eu disse: 'eu não posso voltar', pois o caixão já estava sendo fechado. Todos tristes e sem rumo pensavam: 'Ela vai voltar' e choravam toda vez que viam meu rosto. 

Agora eu sei que o mínimo de amor que eu desejava receber não recebi. E foi com isso que escrevi: 'eu não aguento mais'. Disse a mim mesma que morri, que não queria voltar porque me entristeci. 

Meus pais perderam o apetite. Já não conseguem mais olhar para minha cama e não me ver cantando; olham para a bicicleta e lembram quando eu andava. Eu realmente queria voltar, mas agora só deixarei um poema a pesar.

   Autora:  Mervi