Sabe a dieta que fiz pra perder peso?
Não era pra sentir bem comigo mesma
Nem tão pouco ficar saudável
Era pra me sentir aceita pela sociedade opressora
Através dos seus padrões imposto.
Sabe o cabelo que tinha duas cores quando adolescente?
Não foi somente uma mudança no estilo
Mas a necessidade de ser notada, aceita e incluída
Afinal um cabelo colorido chama bastante atenção
É semelhante colocar uma melancia na cabeça e sair pelas ruas.
Sabe aquela grande quantidade de comida que eu comia?
Não era fome, muito menos nutrição para o corpo
Era somente uma válvula de escape para as minhas emoções
Mas que na verdade, só me levava para o mais profundo do poço.
Sabe as horas quase que interminável que passei treinando na academia?
Não era autocuidado, era culpa
“Um plano bem feito é melhor do que perfeito”.
Sabe as vezes que decidi parar de treinar?
Não era desleixo e nem preguiça.
Era angústia, para mim, não tinha mais razão.
Sabe o dinheiro que gastei com suplementos alimentares?
Não era foco, era desespero.
Comida de verdade seria suficiente se tivesse equilíbrio.
Sabe as tatuagens que fiz?
Era a forma de externar os sentimentos por algo ou alguém.
Sabe as vezes que me endividei?
Não era necessidade
Era comportamento compensatória para aliviar as emoções.
Perdi de concretizar tantos projetos.
Hoje sou adulta e muita coisa já consigo compreender.
Não era amor, era ódio.
Ódio pelo meu corpo, ódio de mim. A verdade é que mesmo quando pensava que me amava, eu me odiava.
Até quando eu não sei, mas de uma coisa eu sei, dói, dói muito.
Autoria: Bianca Lorrana Faria de Oliveira Carvalho Lima
- Autor: Bianca Lorrana ( Offline)
- Publicado: 14 de outubro de 2024 13:30
- Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é baseado na minha história. E uma forma de expressar o que passei e sinto.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 15
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários1
Oi! Queria te falar um pouquinho sobre o que senti ao ler seu texto. Sabe, ele me fez pensar em como a gente muitas vezes age no piloto automático, sem perceber que as escolhas que fazemos, que parecem ser nossas, na verdade estão tentando agradar a expectativas que nem são nossas, né? Me identifiquei muito com o que você escreveu sobre as dietas, o cabelo colorido e até as tatuagens. É como se, por trás de cada decisão, tivesse um desejo silencioso de ser aceita, de se encaixar em padrões que só nos sufocam mais.
A parte mais forte, pra mim, foi quando você fala do ódio. Acho que é uma das coisas mais difíceis de admitir, essa mistura entre querer se amar e, ao mesmo tempo, se odiar. Seu texto trouxe à tona muitas reflexões que eu também já tive, e me fez sentir acolhido de um jeito que nem sei explicar direito. Obrigado por compartilhar algo tão íntimo e profundo. Me fez ver que, no fundo, estamos todos nessa busca por nos aceitar, de verdade.
Grande abraço e obrigado por me fazer refletir com suas palavras.
Sezar Kosta
Fico imensamente feliz em saber que também não estou só e também por acolher você mesmo que com palavras? Sinta-se abraçados. Nesse mundo cheio de críticos e juízes, sejamos mais empáticos e poéticos. Grande abraço.
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