Sabe a dieta que fiz pra perder peso?
Não era pra sentir bem comigo mesma
Nem tão pouco ficar saudável
Era pra me sentir aceita pela sociedade opressora
Através dos seus padrões imposto.
Sabe o cabelo que tinha duas cores quando adolescente?
Não foi somente uma mudança no estilo
Mas a necessidade de ser notada, aceita e incluída
Afinal um cabelo colorido chama bastante atenção
É semelhante colocar uma melancia na cabeça e sair pelas ruas.
Sabe aquela grande quantidade de comida que eu comia?
Não era fome, muito menos nutrição para o corpo
Era somente uma válvula de escape para as minhas emoções
Mas que na verdade, só me levava para o mais profundo do poço.
Sabe as horas quase que interminável que passei treinando na academia?
Não era autocuidado, era culpa
“Um plano bem feito é melhor do que perfeito”.
Sabe as vezes que decidi parar de treinar?
Não era desleixo e nem preguiça.
Era angústia, para mim, não tinha mais razão.
Sabe o dinheiro que gastei com suplementos alimentares?
Não era foco, era desespero.
Comida de verdade seria suficiente se tivesse equilíbrio.
Sabe as tatuagens que fiz?
Era a forma de externar os sentimentos por algo ou alguém.
Sabe as vezes que me endividei?
Não era necessidade
Era comportamento compensatória para aliviar as emoções.
Perdi de concretizar tantos projetos.
Hoje sou adulta e muita coisa já consigo compreender.
Não era amor, era ódio.
Ódio pelo meu corpo, ódio de mim. A verdade é que mesmo quando pensava que me amava, eu me odiava.
Até quando eu não sei, mas de uma coisa eu sei, dói, dói muito.
Autoria: Bianca Lorrana Faria de Oliveira Carvalho Lima