Prato vazio

Filha de Caim

Cada lágrima que inunda minha cavidade ocular
Cada córrego que escorrega pelos zigomáticos 
Cada vento gelado que escapa de meus pulmões mortos
Como hei um corpo morto ainda sentir dor?

 

Minha carne já não mais treme
Meus músculos já não se contraem
Meus ossos não se mexem sem a cartilagem
Mas meu coração ainda bate em agonia

 

Não é justo
Não é justo
Não é justo

 

Não fui o suficiente em vida,
Agora sofrerei a eternidade.

 

Não é justo
Não é justo
Não é justo
 
Eu deixei-te alimentar de meu carnal
Meu sangue como vinho
Minha carne como pão
Meu músculo como carne
Meus ossos como garfo

 

Mas você continuou faminto, procurou outra vitima.
Mas obrigada por perder seu tempo comigo,
Ao menos significou algo.

  • Autor: Filha de Caim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de setembro de 2024 23:38
  • Comentário do autor sobre o poema: Ainda hoje olho para o buraco em meu peito e me lembro de quando você arrancou este pedaço tão importante de mim. O fedor da minha carne podre sem o seu doce toque me faz doente, me faz questionar se você realmente gosta de guardar este pedaço nojento consigo. Ao menos sei que, Caim, me amará mesmo se eu for repulsante afinal, abençoados sejamos nós, filhos de Caim.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: MrFred


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