PALHAÇO

Jucklin Celestino Filho

 

Vivo na corda bamba , a me equilibrar

no picadeiro da vida - palhaço sem graça,

que a vida engana, ilude , troça .

Minhas ilusões ,

aniquila, destroça!

Sou um humanoide, a fingir,

vivendo em eterna fantasia,

navegando no mar revolto de delírios

e controvérsias emoções,

a me enganar,

em vão , tentando fugir

da realidade nua e crua da vida ,

que na armadilha me apanha !

Mostra -me a feia cara!

A bocarra me escancara!

Os dentes me arreganha!

 

"Meu riso dou de graça!"

É que não vale nada!

Sou mesmo, um palhaço sem graça ,

a não me incomodar

com os apupos da criançada.

Estou acostumado a vaias receber!

Garotos! Meninas!

De mim, podem dibicar!

Venham ouvir

minhas pantomimas,

as bobas gargalhadas

desse palhaço sem graça ,

que insiste em fazer palhaçadas

sem nexo, sem graça,

sem a ninguém divertir!

 

Venha, garotada ! Venha brincar!

Tem riso pra todo mundo!

Tem riso pra todo gosto!

Venha !” É de graça!”

Venha sorrir da minha cara

de palhaço sem talento, sem graça,

que esconde a tristeza , na face

lambuzada , exageradamente pintada,

num adereço de fantasia :

Uma ilusão. Um disfarce…

na vá tentativa de ocultar

a dor do desgosto ,

estampado em meu rosto!

 

Sorriam. À vontade, trocem de mim,

pobre palhaço , sem tino , sem graça,

bobamente a sorrir

pra não chorar,

a mim mesmo mentindo.

Fingindo que na fantasia me realizo ,

é que idealizo

um mundo de sonhos , de quimeras enfim,

que só existe, na minha imaginação fértil.

Que sou? Um visionário ? Um poeta ?

Não passo de um palhaço sem tino, sem graça ,

no picadeiro do existir, a insistir

nas palhaçadas, e a meninada a troçar

da minha cara lambujada,

exageradamente pintada.

 

Todos zombam das minhas baboseiras ,

das minhas tolas brincadeiras,

palhaço sem graça ,

que a ninguém , sabe divertir,

minha mágoa a carpir

no compasso

do fracasso

em tudo que faço ,

não como mero espectador,

Mas como mau interprete , péssimo ator

no anfiteatro da vida , a representar

papéis diversos, no imenso palco —

teatro do dia a dia,

sempre a me enganar...

Por fora,

fingindo alegria ,

enquanto por dentro , minha alma chora!

 

 

 

 
 
  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de agosto de 2024 14:43
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 10
  • Usuários favoritos deste poema: Edvan Pereira


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.