No palco da vida, um ato sem cor.
Onde o riso é escasso, o aplauso é dor.
Sonhos são cinzas, esperanças, miragem.
Cada passo adiante, um novo naufrágio.
Na estrada do tempo, o destino é vão.
Onde o certo é incerto, e perdido é o chão.
A luta é vazio, o esforço, um delírio,
No jogo da vida, o prêmio é o martírio.
A luz no horizonte, apenas um blefe,
Promessas de alvorada, mas só anoitece.
O amanhã é um eco, de um grito mudo,
Onde o tudo é nada, e o nada é tudo.
E assim caminhamos, sem bússola ou norte,
Num teatro sem plateia, mas a peça é torta,
E a cortina se fecha antes da hora.
- Autor: pili (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 13 de agosto de 2024 01:11
- Comentário do autor sobre o poema: É um reflexo sombrio e contemplativo sobre a natureza efêmera da existência e as desilusões da vida.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 15
- Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., Sezar Kosta
Comentários2
Análise do Poema:
O poema apresenta uma visão desencantada e sombria da vida, utilizando um formato livre que privilegia a expressão do conteúdo sobre a forma. Ao adotar versos livres e brancos, o poema transmite uma sensação de liberdade estrutural que espelha a falta de sentido e ordem na própria existência.
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1. No palco da vida, um ato sem cor.
O "palco" aqui é uma metáfora para a vida como um espetáculo sem emoção ou significado. O "ato sem cor" sugere uma performance desprovida de vitalidade e cor, refletindo uma visão de vida sem propósito ou alegria.
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2. Onde o riso é escasso, o aplauso é dor.
Este verso indica que, na vida, momentos de alegria são raros e o reconhecimento ou aprovação que recebemos é, na verdade, uma fonte de sofrimento. A imagem do aplauso como dor reflete a superficialidade e o vazio das recompensas externas.
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3. Sonhos são cinzas, esperanças, miragem.
Sonhar e ter esperanças são comparados a cinzas e miragens, mostrando como essas aspirações se desfazem e se tornam ilusórias com o tempo. O contraste entre o brilho do sonho e a realidade desoladora é evidente.
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4. Cada passo adiante, um novo naufrágio.
O avanço na vida é descrito como um naufrágio constante, simbolizando que, a cada tentativa de progresso, nos deparamos com novos obstáculos e fracassos. Cada passo adiante é marcado por dificuldades e desilusão.
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5. Na estrada do tempo, o destino é vão.
A "estrada do tempo" sugere uma jornada inevitável, onde o destino parece ser vazio e sem propósito. O tempo passa, mas o sentido ou a meta final permanecem inatingíveis.
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6. Onde o certo é incerto, e perdido é o chão.
A sensação de instabilidade é palpável, com o que é considerado "certo" tornando-se incerto e o chão perdido simbolizando a sensação de estar sem base ou direção. A vida é retratada como um terreno desorientador e inseguro.
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7. A luta é vazio, o esforço, um delírio,
O esforço e a luta são descritos como vazios e delirantes, sugerindo que o trabalho árduo e a perseverança não trazem satisfação ou recompensa real. Essa visão reflete uma perspectiva niilista sobre a eficácia das nossas ações.
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8. No jogo da vida, o prêmio é o martírio.
A metáfora do "jogo da vida" revela um resultado sombrio, onde o prêmio final é o sofrimento. A vida é vista como uma competição cruel em que o sofrimento é a única recompensa tangível.
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9. A luz no horizonte, apenas um blefe,
A "luz no horizonte" representa a esperança ou promessas de um futuro melhor, mas é revelada como uma ilusão, um blefe. A expectativa de um alívio ou mudança positiva se dissolve na realidade de um sofrimento persistente.
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10. Promessas de alvorada, mas só anoitece.
- As promessas de um novo começo ou uma "alvorada" são desacreditadas, pois a realidade se resume a mais escuridão e desilusão. O ciclo de esperança e decepção é reiterado.
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11. O amanhã é um eco, de um grito mudo,
- O "amanhã" é descrito como um eco de um grito mudo, simbolizando a falta de substância e significado no futuro. Essa imagem sugere uma sensação de desesperança e de uma vida sem progresso real.
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12. Onde o tudo é nada, e o nada é tudo.
- Este verso explora a relatividade e o paradoxo da vida, onde o que parece completo e significativo pode ser, na verdade, vazio, e o vazio pode ser preenchido com uma sensação de totalidade ilusória.
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13. E assim caminhamos, sem bússola ou norte,
- A ausência de uma "bússola" ou "norte" reflete a falta de orientação e direção na vida. Sem uma referência clara, somos guiados pela incerteza e pela falta de propósito.
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14. Num teatro sem plateia, mas a peça é torta,
- A vida é comparada a um "teatro sem plateia", sugerindo que, mesmo que o espetáculo da vida continue, ele não tem espectadores e é desorganizado e desconexo. A peça "torta" simboliza a natureza caótica e imperfeita da existência.
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15. E a cortina se fecha antes da hora.
- O fechamento prematuro da cortina representa a conclusão abrupta e inesperada da vida. A sensação de que o espetáculo termina antes que o esperado reforça a ideia de uma existência incompleta e imprevista.
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No geral, o poema utiliza uma estrutura livre para explorar temas universais de desilusão, sofrimento e falta de propósito. A ausência de uma forma rígida permite que a mensagem emocional e filosófica seja transmitida de maneira mais direta e autêntica. A mensagem central é a ideia de que a vida, em sua essência, pode ser uma luta sem sentido, onde as esperanças e os esforços muitas vezes resultam em mais dor do que em realização. A profundidade e o impacto do poema vêm da sua capacidade de capturar a complexidade e a ambiguidade da experiência humana.
A forma como cada verso é construído (cheio de significados) deixa explícito o esforço do poeta em nos garantir uma boa experiência durante a leitura.
Bom trabalho. Parabéns!
Este poema transmite emoções de uma maneira profunda e autêntica.
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