Utopia

Vinicios Cesário

Diante das câmeras situadas em minhas órbitas oculares 

passam: a banda, o carnaval e o dia.

Absorto, não escuto a música, não admiro a passista

nem vejo que ainda chovia. 

Sou incauto andarilho do tempo  

que confiando no bom augúrio do próprio destino,

desdenha da areia que lhe resta na ampulheta

e sorve o olor das flores,

alonga os segundos, os minutos e as horas

e idealiza seus impalpáveis amores.

Minha alma de bardo encontra porto seguro 

em minha burlesca inépcia

e num anacronismo destoante,

tenho a cabeça, tronco e membros aqui

enquanto afeto, anelo e cupidez

num orbe deveras distante. 

Queria ser como muitos contemporâneos

e estimar:poder, posição ou capital…

Porém, minha onírica mente desde menino

é pipa que voa,

é folha num vendaval.

Talvez porque o poeta seja um alquimista

e transmute vocábulos em ouro, 

e em sua fábrica de utopias

engendre seu próprio tesouro.







  • Autor: Vinicios Cesário (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de julho de 2024 19:53
  • Comentário do autor sobre o poema: Uma simples poesia.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 9


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