NU E PELADO

Marcelo Veloso

Tá tudo nu,

tá tudo pelado,

o prazer tá jururu,

 com tristura e mal passado.

A nudez escancara,

a pele está à mostra,

é um tapa na cara,

que derruba e prostra.

 

Tá tudo pelado,

tá tudo nu,

o tempo tá gelado,

tá frio pra chuchu.

O corpo despido,

a roupa no chão,

tá tudo dividido,

entre a afronta e a razão.

 

Tá tudo bem nu,

tá tudo muito pelado,

e o vergar do bambu,

é um baita chumbo trocado.

A mente está descoberta,

é grande o calafrio,

o agasalho vira uma oferta,

colocando a vida por um fio.

 

Tá tudo bem pelado,

tá tudo muito nu,

é como diz o ditado,

o apressado come cru.

A sisudez tá um tanto aflorada,

o desconforto logo impera,

é hora de não fazer nada,

pra não provocar a fera.

 

Tá tudo salaz e cheio de afronta,

abarrotado de acidez e veneno,

se o nu é um faz de conta,

o ficar pelado tem viés obsceno.

Entre o torpe e o infame,

fica tudo meio assim e assado,

porque se o nu dá vexame,

o coração fica vão e pelado.

 

Tá tudo muito mudado,

a nudez virou arte e fantasia,

fazendo rimar sem roupa com pelado,

para desvestir uma adornada poesia.

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de julho de 2024 10:35
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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