Embarcado no navio negreiro com Miriam Alves

Andre Dias

As ondas agitam o navio

A fome dói e não espera

Estômago vazio não se engana

Dormimos empilhados

 

Os doentes são descartados

E ao mar jogados

A alma fica tensa

Chorar não dá mais tempo

 

Ouço passos nas escadas

São fantasmas

Ou é o capataz?

Trazendo o chicote nas mãos

 

Estamos acorrentados no porão

O mau cheiro impera

As mulheres são abusadas

Todos viajamos nus

 

Fiz do chicote um laço

E com ele embalei a esperança

De uma nova vida,

Livre e digna!

  • Autor: Andre Dias (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de julho de 2024 09:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Contém trechos da obra de Miriam Alves. Miriam Aparecida Alves (6 de novembro de 1952, São Paulo/SP), é escritora, assistente social, professora, ativista e poetisa brasileira. (Wikipédia)
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 9
Comentários +

Comentários3

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    É um trecho meio difícil, ninguém quer ficar preso numa situação de escravatura, seja branco, índios, negros, temos o direito de ir e vir. Poema retratando momentos difíceis. Bom dia.

  • Maria dorta

    Este poema exala o sangue dos inocentes que tiveram suas vidas roubadas por indignos seres que fez da venda de escravos a fortuna da família ou sua própria. Mostra até onde vai a insensibilidade e usura humanas. É um grito de indignação. Não fiquemos calados aó ver gestos de preçonceitos que estão tão presentes ainda ao se ver uma criança preta ou morena estender a mão pedindo ajuda,um pedaço de pão e enxota_ lá como se fosse uma ameaça. E que dizer dos que vivem nas calçadas e nas praças sem teto? Que fazemos nós? Desviamos o caminho.,! E aínda nos consideramos melhores dos que acorrentavam os negros! Belo poema denuncia!

  • Shmuel

    Os horrores dos navios negreiros! Uma marca indelével. Não devemos deixar esta parte horrenda da história ser minizada por uma grande parcela de desinformados culturais e sínicos por pura conveniência.

    Abraços!



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