Andre Dias

Embarcado no navio negreiro com Miriam Alves

As ondas agitam o navio

A fome dói e não espera

Estômago vazio não se engana

Dormimos empilhados

 

Os doentes são descartados

E ao mar jogados

A alma fica tensa

Chorar não dá mais tempo

 

Ouço passos nas escadas

São fantasmas

Ou é o capataz?

Trazendo o chicote nas mãos

 

Estamos acorrentados no porão

O mau cheiro impera

As mulheres são abusadas

Todos viajamos nus

 

Fiz do chicote um laço

E com ele embalei a esperança

De uma nova vida,

Livre e digna!