As ondas agitam o navio
A fome dói e não espera
Estômago vazio não se engana
Dormimos empilhados
Os doentes são descartados
E ao mar jogados
A alma fica tensa
Chorar não dá mais tempo
Ouço passos nas escadas
São fantasmas
Ou é o capataz?
Trazendo o chicote nas mãos
Estamos acorrentados no porão
O mau cheiro impera
As mulheres são abusadas
Todos viajamos nus
Fiz do chicote um laço
E com ele embalei a esperança
De uma nova vida,
Livre e digna!