Vociferro

Breno Pitol Trager

Precisamos de destrunos

Incendiar a aorta, esta veia

Da certeza de que bem se vive

Que nos faz sangrar sempre igual

E vermelho

Deixando roxidões

 

Precisamos de destrunos

Incendiar a costela, esta ossatura 

Da dúvida de que o mal possa morrer

Que nos faz andar letal

E de joelhos

Deixando cegas venerações

 

É preciso destrunir

Destruno de certezas cômodas

Caminhos sem destino

Como a dúvida de que se envergonha

 

Destrunião será preciso

Destruno de dilemas insolúveis 

Na Ilíada dos Cemitérios que nos uivem

O único provável inexorável, que vaia

 

No destruni-vos diante da ária de vida

E tropicalismo de inospitalidades

 

Sobretudo, é preciso destrunir réplicas

Forjar sob a diferença a relíquia

Di-ferindo a união

Sob divina destruição

 

O que ainda tem-se de valor?

Destruna!!!

Este é o abismo da vovó 

Com o seu rococó

 

E a atualização do cringe

Sob olhos a autoestima da dó 

É preciso destrunir abismos 

 

O que lá se teme

Permanecerá temido

 

Destrunindo amores teloméricos

O que se geme

Permanecerá apologenético

 

Destruna seus filhos 

Como quem fez tunadas ancestrais

 

E a aorta a sangrar

No ringue palatar

Terá gosto de Éter eterno 

 

A eternidade é um destruno

Finitai seus ossos

Na cama de colossos

Terás vivenciado o prazer do céu do inferno 

 

Sendo ainda uma escolha que fecundo decerto

  • Autor: Breno Pitol Trager (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de julho de 2024 18:16
  • Comentário do autor sobre o poema: Destruno eu conceituo como renúncias coletivas ao que não é bom mais.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 9
Comentários +

Comentários1

  • Shmuel

    Um poema forte com palavras ricas! Parabéns por tão caprichoso texto.

    Abraços!



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