Eu queria te lê

Talvez emoldurado num livro, escrito e bagunçado, entre linhas turvas e páginas em branco.
Eu queria te lê de forma exata ao invés de te imaginar entre páginas que ora escrevo ora é escrito. Leio e já te imagino desnudo de tudo, despido de si, vestido de versos e poesias, sonoridades e fonemas.

Que tesão de livro!

Eu queria te ler em poros, como quem aprende a ler braille, porém devastadora, ousada e atrevida como um ser vadio que aprendeu a consumir, assumir, sentir e devorar cada gota de oportunidade descrita entrelinhas.
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Eu queria te ler.
Eu queria te desenhar a mão
Eu queria te ouvir
Queria te ver.

Eu queria ler todas as tuas facetas e é fato que uma coletânea seria pouco.
Que tal gravar discos? Onde o teu sotaque vagueia por intervalos entre 5 a 8 minutos. E se não tiver faixas? Você se permite ser um ser contínuo sem pausas?
Eu queria te lê de diferentes ângulos, e é impossível não querer lê tua pele macia, em tons negros, embedecidos no teu suor, como um café sem açúcar, que amarga e trás a veracidade do e se.
Sinto o gosto do mistério que é te encontrar nos detalhes, nas palavras, no jeito, nos gestos, nas tuas infinitas formas, que me encantam e me aguçam de diferentes maneiras.
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Como seria tua capa?
Invisível?
Prefiro em preto e vermelho pra desmistificar a alma sombria, que ora se esconde ora vem à tona.

Já pensou em deixar algumas linhas em branco, para que juntos escrevamos algo mirabolante capaz de trazer ao mundo a magia que é o olhar para si? Já pensou se somos a próxima revolução dos bichos? Já pensou que juntos podemos ser a própria reconstrução de arte escancarada a partir do desbravar do mundo do outro?

Somos seres inacabados e sempre seremos, mas que tal você acabar seu livro espelho enquanto escolho a nossa trilha sonora?
Que tal deixar vir à tona essa alma livre, singela, machucada e solitária.

Ahh!! Você é livre. Nada te prende.

Já pensou em voar? Não tenha medo.

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