ENTERNEÇA-SE, NÃO PERMITA QUE EU PADEÇA DE AMOR

Claudio Reis

Ainda que o Sol não brilhe tanto quanto antes,

e nem mesmo o orvalho da manhã prateie o verde da planície

Tenho eu a alegria que me faz sorrir ao lembrar-te, que se mantém em mim como ventos que inflam as velas da Nau,

por te-la em um dos capítulos mais caprichosos de minha vida

Deixaste o doce sabor que só se sente com o palato d'alma n'um degustar que é absorvido pelo coração, que faz saltar os mais puros sentimentos

Por vezes deito-me no solo úmido para sentir o pulsar do coração da terra e ver o cintilar das estrelas no céu,

e então percebo o infinito por onde eu irei um dia, e no musgo onde meu corpo deitado esta, os organismos vivos que o consumirão

Creio que ainda há tempo para pisarmos na seda das areias brancas da praia e nos devolvermos a essência que fizera nossa combinação, tudo aquilo que sentimos de bom repentinamente quando ainda à sós n'um quarto frio de um inverno rigoroso

 

Enterneça-se, retorne antes que eu padeça de saudade deste amor, o ar que eu respiro oxigena meu sangue, mantêm-me vivo, mas as flores que tenho para ti murcham diante dos meus olhos

Do alto das montanhas ouço ventos uivantes indo ao leste, ou quem sabe oeste convidando-me para com eles ir, desfiz-me de alguns pertences, arrumei as malas, tive ideias de sair por ai, esquecer-te, mas desarrumei tudo de novo, desisti!

 

Enterneça-se, retorne antes que eu padeça de saudade deste amor, contanto que retornes sorrindo e te lembres como querias que eu fosse para ti

Quando ando pelas ruas sob o Sol, sei que ele esta a iluminar-te também, e então o persigo, sonho que sua luz sombreada pelas folhas das arvores desenham seu nome no chão

Mais um inverno se aproxima e aquela mesma sensação de estar só n'um quarto frio de um inverno rigoroso anuncia o tédio de uma carência descabida, igualmente as flores sem cores e sem perfume

Tendo então somente as folhas secas caídas ao chão pelo termino do outono para consolar o coração

Mais uma vez vou deitar-me sobre o musgo e sentir o pulsar da terra sob o brilho das estrelas para lembrar de ti e compreender a vida

Enterneça-se, retorne antes que eu padeça de saudade deste amor, não permita que o brilho das estrelas se apaguem, e nem que os organismos vivos consumam os sonhos deste grande amor

 

Claudio Reis

 

 

  • Autor: Claudio Reis (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de maio de 2024 22:07
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Se depois de ler este deslumbrante poema e fantastica declaração de amor...só sendo louca!

    • Claudio Reis

      Feliz dia das Mães querida Dorta, poetize por estes continentes para nós!

      Como sempre hilária nos comentários!

      Abraços



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