Seus olhos estão molhados
Parecem gotas de orvalho
Nas flores entre os galhos
Onde voam os vagalumes
Enchendo o vale de lumes
Contrastando as estrelas
Quisera eu poder detê-la
E curtir em ti meu ciúme
A lua ilumina as florestas
De raios dourados serenos
Teu mundo não é pequeno
Segue viagem tu tens saída
Só olhe pra trás na partida
Ao fazer aceno para gente
O seu destino está à frente
Pegue o trem da sua vida
Tua alma voa o vale verde
Qual os pássaros cantando
Teu olhar sempre mirando
Nas coisas que ficam atrás
Talvez seja um nunca mais
A vida é sopro sem trégua
Não avisa quantas léguas
Sua perna no mundo faz
O olhar de retinas gêmeas
Pairam nas águas do mar
Teus desejos são navegar
Lindas ondas com emoção
Sentir a água sair do chão
Encontrar a duna perdida
Na secreta alma escondida
Pulsando átrios do coração
O pôr do sol avermelhado
Qual semblante de desejos
No fugidio dos seus beijos
Por tiritar em seus medos
Escondendo seus segredos
Dessas noites mal dormidas
Num filme exótico da vida
Que foge no vão dos dedos
- Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 13 de abril de 2024 14:27
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Vão dos Dedos”, inspirado no “jargão – tudo escapa pelo vão dos dedos”. O poeta Gomes Thinker disse: “Tudo escapa entre os dedos pra sempre; tudo se vai de repente”. Se refletirmos sobre as frases de Thinker, temos a nítida impressão de que as coisas realmente andam o tempo todo. Eu particularmente me questiono, com a seguinte frase: “me viram indo embora e não me pediram para ficar”. Aí me sinto um “sonho” desmanchado logo cedo, tipo pedra de gelo no bolso de alguém. Nesta poesia faço esse contraponto, sobrepondo à alguém a necessidade de seguir em frente, já que tudo pode escapar pelo vão dos dedos. É como as lágrimas, que correm quentes pelos sulcos da face, deixando os olhos para nunca mais voltar. Essas lágrimas que escorrem, talvez jamais desejassem cair na terra e juntos com a água da chuva ir embora para o mar e evaporarem no dia seguinte. Mas, a vida é assim mesmo, foge pelo “vão dos dedos”. Boa leitura da nossa poesia a todos e reflitam sobre isso: “Já vistes o último brilho nos olhos de alguém? Eu já. Na noite passada”.
- Categoria: Reflexão
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