Dei a luz a mim, dolorosamente, antropofágica e mesquinha
Dei me a luz
Ancorei me por anos, pecados, fracassos, teimosias
Limitei me a notas de rodapé sobre a vida
Foram poucos, os bons poemas
Nem aprendi, nem refleti coisa alguma
Engoli vontades, súbitas, uma após a outra
Permaneci, inerte, dia após dia
Por fim, dissequei me de dentro pra fora
(Como fizera a vida na carnificina)
Coloquei no papel a anatomia, a humanidade nua
Incolor, impudor, dolorida
E vasculhei cada lugar, cada lata de lixo, cada amor
Arranquei tudo que há para arrancar
E quando não pude mais, quando não havia mais
Me consumi
Dei me a luz
Já não era o que fui, renasci.
- Autor: Victória Bianca ( Offline)
- Publicado: 31 de março de 2024 12:31
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
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