Alcança o céu e raspa o chão,
A curva de um baloiço…
Em desassombro, com cada mão,
Se agarra um jovem moço.
Ao desafio, cheios de energia,
Os joelhos dão dez puxões…
E os pulmões, arfando alegria,
São propulsores de foguetões!
Em cada curva, os pés rasantes,
Dão impulso a um alto voo…
E o menino, como nunca antes,
Quis ir ao topo e alcançou-o!
Os pais num banco, ao dar com isto,
Temeram o maior dano.
Receando um tombo “mais que previsto”,
Trouxeram o filho para o chão plano.
Estando impedido e sem brinquedo,
O menino tentou chorar,
Mas foi levado, calado e quedo,
Na mão do pai, para outro lugar.
O bom baloiço, feito para aquilo,
Deixado ao vento, a baloiçar,
Guardou para si, um vão sibilo:
«Com medo do chão… para variar…»
Passaram anos e veio o dia
Em que era a hora de escolher
Entre o que o âmago lhe pedia
E o estilo seguro de se viver…
...Como acontece a toda a gente
No caminho para ser adulto -
- Às vezes tão de repente
Como o passar de um negro vulto.
A sibilar, ia-se ouvindo
A cortina da janela...
Dez puxões a baixo e depois subindo,
Até ser presa na fivela.
Sem lembrar nada, o velho menino,
Ia decidindo enquanto a veda:
«Quanto mais alto for o destino,
Maior é depois a queda.»
- Autor: R. Barbosa Gameiro ( Offline)
- Publicado: 12 de março de 2024 15:06
- Categoria: Conto
- Visualizações: 1
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