Morreu... Morreu... Tanta beleza verde, tanta energia, tanta inocência, tanta simpatia e camaradagem... E morreu...Com falta de ar, deshidratrado e septicêmico, nesta epidemia de Psitacose... Quanta vida pela frente, quantos pôres do sol e manhãs de farra entre os pares foram perdidos. Seguiu o trajeto da vida, tão curto! No entanto, apesar dos pesares, o periquitinho se livrou da cruz da vida. E vamos dizer: descansou precocemente das asperezas e lutas pela vida. Para isso antes cedo do que tarde... Nada deixou de seu em genética! Findou igual o passarinho que é: silencioso e sem queixa, recebendo a sua sentença da desventura em ter-se sido vivo. Viveu sem o ter pedido, morreu sem o ter solicitado... Mas há um consolo para ti, meu periquitinho. Cada vez mais o planeta tende a inabitável. Não estarás a sós. Uma sina trágica percorre toda a Natureza e todo Cosmos, além, no infinito...Um mistério!!... Parece que há uma angústia em toda a Natureza, uma implícita ansiedade geral de ser-se presente, mostar-se existente, concomitante a outra ansiedade macabra, no sentido de inexistência. Quando algo nasce para a vida festeja-se: "oh, glória!!" Glória para enfrentar a colher loiros de herói ao sofrer pela sobrevivência que é o único propósito razoável do existir...
Os seres não viventes apenas existem– como as pedras. Mesmo assim sofrem os revezes da erosão. Outras pedras são buriladas, ou trabalhadas em estética para êxtases de outros existentes e supostos racionais. O Cosmos que existe, mas inconsciente de si mesmo, donde se infere: existe para os pensantes. No entanto, na dinâmica da física quântica e das leis da relatividade geral, os corpos astrais no espaço-tempo, têm um desígnio para a morte e posterior renascimento. Há um movimento cíclico de algo de si mesmos, do seu conteúdo, em que persiste ímplícita, também, a inexistência. A vida, então, sem saber é uma carga de energia indestrutível e em sofrimento. Compensa tal glória? Para os espiritualistas há esperança e vitória final das suas vidas.
Tu, meu inocente periquito, alcançaste a tua anterior inexistência e nela a tua paz.
Mistério dos mistérios, tudo é mistério.
"Há mais mistérios entre o céu e Terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar."
Tangará da Serra, 24/02/2024
- Autor: Maximiliano Skol (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 28 de fevereiro de 2024 18:31
- Comentário do autor sobre o poema: Encontramos quatro lindos periquitinhos desfalecidos no asfalto da Avenida. Um motorista matou dois, com ar de desprezo. Os dois restantes foram resgatados para casa. Apesar do esforço para reanimá-los foram a óbito. Então concluímos que não estavam com malnutrição, pois pelos sinais eram portadores de Psitacose, contaminados pela bactéria Chlamydia psittaci. Assim que conscientes dessa epidemia, tomamos os devidos cuidados para não nos infectarmos.
- Categoria: Conto
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Comentários3
Sim meu nobre poeta!
O existir estimulante que nos leva a inexistência flagrante
A única certeza que temos é a do fim desta existência, mas não sabemos como, onde e nem quando acontecerá
Sabendo sermos finitos para esta, só nos cabe então crer que n'outra seremos eternos.
Ser ou não ser, eis a questão!
Abraços poeta sencivel
Meu prezado amigo Cláudio, vejo muito de espiritualidade nos seus poemas.
Grato pela sua tão significativa presença e comentário.
Um abração.
Bom dia, Maximiliano.
Aprendi algo interessante aqui. Não tenho pássaros, só duas cadelinhas Pincher, mas gostei de saber/ aprender.
Feliz quinta feira, poeta!
Meu abraço!
Minha querida Edla, você se tornará mais feliz ainda se adotasse um periquito Ring Neck desde um mês de idade. No entanto, lhe será de muito trabalho. O seus pets são bons guardiões, amáveis e animam o ambiente. Fico feliz de ter-lhe sido útil esse despretensioso texto.
Gratidão pela pela sua amigável presença.
Beijos.
Mas há um consolo para ti, meu periquitinho. Cada vez mais o planeta tende a inabitável. Não estarás a sós. Uma sina trágica percorre toda a Natureza e todo Cosmos, além, no infinito...Um mistério!!.. explicação!
Uma história que me emocionou...
Obrigada por compartilhar.
Boa noite!
Minha querida Leide, fico-lhe agradecido pelo seu tão amável comentário.
Que, aliás, me foi comovente.
Beijos.
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