Des(pensar)

Letícia Alves



Se a felicidade é resultado
da morte dos pensamentos
eu escolho essa recompensa.

Sentir, ainda que se pense,
para levar a vida é, antes de
extraordinário, necessário.

Quando as folhas caem e nem
a árvore ou as folhas fazem alarde
isto é comprovado: sentir e aceitar
o que está para vir é imprescindível.

Tudo é quando você não consegue
dormir. Tudo é quando você está
demasiado acordado. Tudo sempre
será. Por isso, como essa máxima é,
serei também o instante-já.

Deixar ir tudo que vai e já não é.
desapegar das pegadas passadas
que apenas um dia foram precisas.
Na noite este sentimento ressoa.

Avaliar tudo é pensar, e como
escolho a recompensa, morro,
por vezes, com o pensar e sou feliz.

[amanhã penso e depois dispenso
o pensamento – (des)penso.]


  • Autor: Hyun (em coreano significa: iluminado) (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de fevereiro de 2024 13:32
  • Comentário do autor sobre o poema: Tenho lido muito Fernando Pessoa, diga-se de passagem, e o pensamento sobre o 'pensar' (tema no qual ele é mestre formado) trouxe-me essa terna reflexão que aplico cada vez mais na minha vida. Espero que vocês tenham uma sexta-feira agradável.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 14
Comentários +

Comentários4

  • Antonio Olivio

    Lindo pensamento!

    Gosto da sua filosofia , de fato Fernando Pessoa te inspira pelo traços dos teu versos.
    Também sou fã deste grande poeta universal.
    Parabéns pela reflexão poética!!!

    • Letícia Alves

      Muito obrigada!

      Fernando Pessoa é sensacional, não é mesmo? haha Não tem como não amar poesia e não amá-lo.

      Grandes abraços e um ótimo sábado!

    • Antonio Olivio

      O pensamento é definitivamente
      o meio para o entendimento
      de todas aa vaidades humanas
      é o caminho pelo qual
      restrigimos a nossa própria
      existência...

    • Antonio Olivio

      O pensamento é definitivamente
      o meio para o entendimento
      de todas aa vaidades humanas
      é o caminho pelo qual
      restrigimos a nossa própria
      existência...

    • Marcelo Eduardo de Oliveira

      Olha como são as coisas! No primeiro poema que li seu, percebi a presença de Fernando Pessoa, mais especificamente Caiado e sua filosofia do "sentir" em detrimento do pensar e entender. Assim, ao ver o título deste poema (maravilhoso já no título) fui fisgado e corri e lê-lo. Agora vejo o comentário do colega aqui abaixo, e seu próprio comentário à cerca do poema e bingo! Pessoa se faz presente!!! Bravo! Agora fico a imaginar você morando em Portugual...

      • Letícia Alves

        Que fantástico! As pessoas que leem meus poemas e conhecem o Pessoa me costumam dizer isso e não nego: sou profundamente influenciada pela escrita dele até mesmo sem saber; se leio dois versos e duas semanas depois for escrever, mesmo sem ter esse verso em mente, de alguma maneira ele irá se fazer presente. E a arte é isso, não é mesmo? Diluir o que é de outrem para criar nossa própria tinta, pintar nossos próprios quadros...

        Aliás, eu moro em Portugal haha [está inclusive na minha bio]. Eu estudei aqui o curso de ‘línguas e humanidades’ e tive aulas de português sobre esse gênio português, mas não vou mentir que aprendi muito mais sobre ele e a sua poesia lendo e sentindo sozinha.

        Abraços cheios de luz!



      Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.