Khristos Rhavi

Como lutei ao lado de Dom Pedro III. Poema épico de cavalaria . Capítulo I

Os primeiros peixes haviam saído
Das redes enroladas
Em galhos e algas na linha
Quando vi que meu pai batia
De joelhos no chão do trapiche
Coisa que nunca vi um dia.

 

Tirando força pra carregá-lo
para dentro da choupana
Em meio a roupas sujas de lama
O meu velho adoentado
Respirava, cuspia e tossia
Com os olhos marejados.

 

"preciso contar uma história".
Parecia querer sorrir
"receio que tenha chegado
A finada hora de partir.
Mas não ache que é hora ruim
Pois toda história de herói,
Tem início, meio e fim".

 

Afagou o meu rosto
Com sua mão calejada
E seus olhos cinza- fosco
Com a íris nuveada
Olhavam pra alma minha.
Assustado fiquei, pois isso é
Coisa que nunca vi um dia.

 

"Quando os paraguaios invadiram
Eu ainda era moço, e disse:
Vou expulsar os que subiram!

 

Mas ninguém acreditava
Todo mundo me tomava
Como baixo, fraco e covarde.
Mas decidi partir na jornada
Antes que fosse tarde.

 

Pouco depois do orvalho
molhar a pastagem
Parti com a companhia de Deus
Do cavalo, chuva, lama e coragem.

 

Levei pouca coisa:
O elmo do seu avô
Arroz cru, farelo de pão,
Escudo nas costas
E espada na mão
"Vencerei os invasores de terra alheia
E Zigmundo Bota-Vermelha
Este nome saberão"!

 

Eu Montava Aizar,
hanoveriano, alemão,
fácil de cavalgar
Preto como sombra
Forte como tufão
E o som de cada galope
Parecia o de um trovão
Nuvens negras nos seguiam
E raios apareciam
Iluminando todo o chão.

 

Muito tempo cavalguei
Próximo de dois meses
Mas parecia ser um ano
Quando cheguei exausto e faminto
No burgo São Cipriano.

 

Cidade murada de pedras
Que brilhavam na nevoeira
Pois eram de mármore
Tiradas da cachoeira
Sagrada para os moradores
E para feiticeiras,
Filhas de Botos
E de Amazonas guerreiras.

 

A cascata ficava no fundo
E cortava por dentro a cidade.

 

Junto comigo chegaram
guerreiros altos como torres
De machados na mão
Perguntei de onde eles vinham
"do burgo de São João,
onde o gelo queima o sol
e areia castiga o chão".

 

Eles me perguntaram
Que elmo estanho eu vestia
Duas asas curvadas para trás
E no topo, uma harpia,
Conforme as luzes do sol
verde-amarelo refletia
"parece peito de beija flor, e isso
É coisa que nunca vi um dia" - disse um deles.

"Sou filho de Stanislaw
Heroi de toda era.
Expulsou o inimigo
Acabou com toda guerra,
Usava essa espada e escudo,
era matador de fera.
Conhecido por esse elmo
E por usar bota vermelha.

Stanislaw Bota-Vermelha
Era seu nome.
Sou Zigmundo Bota-Vermelha
Este é Aizar meu cavalo!
A sombra que nos segue
são das nuvens que nos acompanham!
Mas as luzes dos raios iluminarão nosso caminho!
Vê nosso poder?
Escuta a nossa ira?

Assustados com o que viam,
Outros guerreiros me encaravam,
Uns vinham do sul, outros do cerrado
Um gritava meu nome,
Outro ficava calado,
E eu no pensamento, ria.
Pois diante de todo poder pensavam. Isso é coisa que nunca vi um dia. ".

Meu velho tomou fôlego
Para continuar sua história.
Essa é a História de quando eu, Zigmundo Bota-Vermelha lutou ao lado do Imperador
Dom Pedro III.

Continua...

  • Autor: Khristos Rhavi (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de Julho de 2020 00:04
  • Comentário do autor sobre o poema: Primeiro Capitulo de um poema Épico de Cavalaria sem pretensão.
  • Categoria: Fantástico
  • Visualizações: 32

Comentários2

  • Nelson de Medeiros

    A sua epopéia começou excelentemente marcada pela métrica que é indispensável neste tipo de poema.
    1 ab

    • Khristos Rhavi

      Muito obrigado pelo comentario. Essa é uma historia que estou a um tempo querendo contar. Fico feliz que tenha gostado. Colocarei o capitulo II em breve.

    • SANTO VANDINHO

      Excelente ! Dar para fazer um ou uns Livro(s) de Cordel ! / Paz e Bem Poeta !

      • Khristos Rhavi

        As histórias nos livros de cordeis são parte da inspiração dessa história. Eu sempre quis escrever um épico de fantasia que se passe no territorio brasileiro, misturando épocas, fabulas e realidade. Muito obrigado pelo seu comentário. O Capitulo II será lançado em breve.



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