Poeta decadente

Altofe

 

Poeta decadente

 

Há dias que não tenho paciência,

tudo o que leio me aborrece,

desanimado não vejo coerência

não encontro história que interesse.

 

Textos com muitas palavras,

excesso letras naqueles versos

falando todas as mágoas

mostrando estranhos universos.

 

Surgem os melosos amantes

são tão doces que estraga,

outros são muito deprimidos

que deixa minha vida amarga.

 

São fingimentos de dor

ou também de alegria

mas o que realmente falta

é a verdadeira magia.

 

O que me faz perder a calma

é ler tantas frases sem sentido,

são poemas carentes de alma,

com rimas me machucam o ouvido.

 

Me invade essa fria carência

que não traz inspiração

por insuficiente inteligência

ou por não carregar emoção.

 

Acabo com preguiça de escrever,

não consigo mais me emocionar,

sinto a falta da poesia no meu ler

ou, será um dislexia que devo tratar?

 

Desisto de olhar para o papel

e saio no mundo para viajar,

talvez viver no mundo real

mostre a poesia que vai me inspirar.

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“O poeta é um fingidor 

Finge tão completamente 

Que chega fingir que é dor

A dor que deveras sente.”

                                        Fernando Pessoa

 

  • Autor: Altofe (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 20 de fevereiro de 2024 09:52
  • Comentário do autor sobre o poema: Tenho um amigo, hoje escritor, que na época em que ambos escrevíamos roteiros para games foi à uma noite de autógrafos de um romancista consagrado e lhe perguntou durante o coquetel: "quantos livros eram necessários ler para se tornar um escrito ao ponto de publicar um livro?", e o escritor lhe perguntou quantos livros ele já havia lido na vida, rapidamente fez um cálculo e estimou uns 1.100 livros, eis que o romancista lhe respondeu "então você está no mínimo uns 5.000 livros atrasado".
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 13
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários +

Comentários5

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...fizeste um bom "apanhado" sobre essa questão de inspiração que via de regra -quer queiram, quer não- está intrinsecamente ligada ao que de experiência literária se tem (ao que de leituras se tem "absorvidas") -salvo divinas exceções...,...é isso, uma coisa puxa a outra...,...a excelência, via de regra, é resultado de "labutas"...,...e na escrita não é diferente, mesmo considerando que nesse metier a "alma" tenha uma importância complementar fundamental... // ...faço aqui um parênteses para também dizer que embora escritos mil por aí não contam com essa dita "excelência", ao lê-los eu procuro tentar "descobrir" ao menos a parte da "alma" do autor,...até que consigo enxergar algumas coisas interessantes "embutidas"... // ...muito bom, em tudo, esse teu escrito! // (...eu, particulamente, confesso que há muito não leio (livros), e com isso -corroborrando com esses argumentos todos- estou encontrando muitas dificuldades para escrever alguma coisa que preste...,...convido-o para ler o meu "...um quase grande poema..." , que mostra um pouco sobre isso... // (...perdão por ter-me "estendido" além da conta...) /// Abçs.

    • Altofe

      Muito obrigado por seu precioso comentário, estimado poeta, esse poema autobiográfico expressa a luta intimista que venho travando com o alter ego que em mim habita e que é hiperativo. É uma auto cobrança por ter me curado de uma doença que eu tinha e que sinto culpa de tê-la perdido. Era uma obsessão em conhecimento, que me fazia devorar tudo o que é escrito, desenhado, fotografado ou filmado, eu era um rato de Sebos que vasculhava livros antigos por não ter mais nada de novo para ler (foi assim que me apaixonei por Edgar Allan Poe). Cheguei a trocar de profissão quando tinha 26 anos quando percebi que jamais conseguiria ter todo o conhecimento que ela requisitava, porque a criação de novos conhecimentos evolui geometricamente. ainda conservo em minha cabeceira uma antologia de contos de um escritor que admiro com exatas 740 páginas e 573 contos, a qual religiosamente relia, todas noites antes de dormir, e hoje leio uma vez por mês, e nem é o meu escritor predileto pois deste li seus livros várias vezes, tendo um deles lido 6 vezes ao ponto de conseguir recitar todas falas, ou a ver filmes um deles parei de contar após assistir 36 vezes, talvez seja uma fase, talvez a idade ou tenha sido a cura de uma compulsão, não sei, o fato é que hoje não tenho paciência para muitas leituras, e devo ter uns 8 livros inacabados esperando o meu retorno, e talvez isso esteja afetando minha escrita deixando-a mais amarga, possivelmente eu esta virando um velho ranzinza ou só cansado e precise de aposentadoria. Obrigado por sua leitura atenciosa. Abs.

    • Melancolia...

      Belo poema meu amigo...

      Temos que deixar fluir as palavras...

      Creio que não temos um denominador comum para escrever, só termos palavras que sejam extraídos do coração;

      Deixa fluir..em casa ou no busão....

      Abraços

      • Altofe

        Obrigado por suas palavras poeta. Eu construo expressões com pretensão de arte a partir de duas vertentes, uma é bem fácil de obter é a de Ideias onde experimento novas formas de criar sobre um tema escolhido, experimentando, aprendendo com conceitos estabelecidos as vezes acertando e muitas vezes errando, por isso minhas peças criadas não tem um formato constante, é pura experimentação e o resultado pode ser um tanto "frio" e "quadrado", falta alma, mas não deixa de ser uma expressão artística, é por isso que eu não gosto de artesanato porque quando se faz arte em série do mesmo jeito para agradar ou para gerar lucro no meu ver perde o romantismo e a finalidade de ser expressão. A outra forma, que é mais rara para mim que sou desprovido do dom poético natural, é a de criar é através da inspiração, essa é uma chama mágica que surge a qualquer hora e a qualquer lugar, de um pensamento, de uma vista de paisagem, de uma melodia ou de um texto lido, puro improviso, assim como quando eu toco minha gaita de blues vem direto da alma, mesmo que eu desafine é um sentimento verdadeiro. Mais uma vez agradeço a visita. Abs.

      • Maria dorta

        É bem verdade que a leitura ensina, mostra caminhos quando e se estivermos a' procura. É também verdade que hoje, há pencas de poetas( com pouca qualidade) e pencas de escritores com pouco a dizer e muita coragem de se publicar...temos que garimpar para encontrar a pepita rara. Felizmente temos os clássicos e com eles, aprendemos ...se os lemos e às vezes os emblemas!. Aplausos pelas observações pertinentes

        • Altofe

          Certamente estimada poeta. Acredito que no meu caso seja por questões de percepção pessoal, por experiência em meu trabalho onde recebo cerca de 60 emais e mensagens de chat por dia e respondo pelo menos a metade, aprendi que nas empresas 90% dos problemas são gerados pro falha na comunicação e de que a pessoa lê as palavras escritas com a entonação de como está seu \\\"humor\\\" no momento da leitura e não com o sentido de quem escreveu (inclusive grandes empresas estão impondo uma técnica para seus funcionários escrevam mensagens para anular esse efeito). Dito isso posso afirmar que com a leitura recreativa é a mesma acontece o mesmo, conforme estejamos nos sentindo ao ler reagimos com uma emoção diferente. Na última sexta-feira experimentei isso após um dia muito tenso de trabalho resolvi relaxar assistindo a um filme, assisti 40 minutos e parei e afirmei aos meus filhos que o filme era muito chato, não valia a pena ser visto, mas depois de uma noite de sono e um passeio de moto em estradas rurais resolvi dar mais uma chance continuar assistindo, e adorei, ri muito e já comentei com vária pessoas que esse filme merece pelo menos 3 prêmios Oscar. essa meu excesso de critério que eu estou vivendo pode ser fruto de um stress pessoal acumulado. Fico sempre feliz em ouvir suas considerações. Obrigado. Abs. PS.: O nome do filme é American Fiction - sobre a desilusão de um escritor que luta contra a hipocrisia no mercado cultural. RECOMENDO

        • Helena Rodrigues

          Meu caríssimo amigo e poeta,
          Você não precisa tratar nenhuma dexlexia , sinto exatamente isso que você também sente...
          A qualidade não se mede por quantidade !
          Muito menos, por exuberância e publicidade, quanta coisa escrita "afamada " , que não vale 1 hora gasta do nosso tempo...
          Hoje para ser poeta, escritor, ao algo parecido, basta ter dinheiro e pagar a "tal almejada fama" rsrsrs
          Mas quando encontro algo que gosto de ler , que é singelo , profundo, transparente, eu gosto de ofertar com estas palavras que aqui lhe deixo ,
          …Cada poeta,
          É uma nova flor
          No meu imenso jardim,
          Onde cada poesia,
          Tem sua cor,
          Onde cada forma de expressar...
          São as flores ,
          Que estou por horas a admirar...!


          Helena Rodrigues -todos os direitos autorais reservados ®? Benavente Portugal ??"

          Grande Abraço amigo e Poeta

          • Altofe

            Linda poesia. Obrigado por este presente que deixastes. Sempre tereis minha admiração por vosso talento. Abs.

            • Helena Rodrigues

              Muito obrigado meu amigo, eu também admiro a sua forma de expressar, seu talento para organizar as palavras certas... Sua tenacidade, tanto no que escreve, como no que comenta, isso é um talento nato.
              A comparação que faço, nessas palavras que deixei, a que dou o nome de "Jardim de Poesia"
              É o que realmente eu sinto, porque um jardim só é bonito com muita diversidade de flores e cores
              Assim somos nós os que colocamos no papel aquilo que sentimos, sem imitação, presunção, apenas somos só nós, e não podemos ser todos iguais, apenas que sejamos verdadeiros e isso para mim é bom, muito bom...neste mundo onde impera a falsidade !
              Abraço e obrigado por ser sincero e gentil

            • Vinicios Cesário

              Boa noite
              Parabéns pela poesia e compartilhar de forma tão sincera as agruras da tua alma. Alguém uma certa vez me disse que como somos natureza, somos também verão, outono,inverno e primavera . Nenhuma estação é ruim e nem melhor que a outra, cada uma tem sua especificidade, cabe a nós vermos o que cada uma tem de melhor para nós naquele momento. Com certeza não sei qual estação a tua alma se encontra agora,mas essa poesia já é um fruto dessa estação, e é magnífica.
              Saudações poéticas

              • Altofe

                Obrigado poeta pela visita. Se eu considerar que nasci na primavera da minha vida e dividir até onde hei de viver em estações, estou nos primeiros dias de inverno, andei muito até aqui, agora é hora de sentar e apreciar a paisagem. Abs.



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