A manhã surgiu calada
sem o cocoricó das madrugadas
Que aconteceu?
Será que o galo morreu?
Esqueceu da hora?
Passou do ponto?
Ou será que enlouqueceu?
E se o galo estiver velho
com a voz rouca, exaurida e caducada
ou caído de cima do telhado
fraturado as asas, quebrando as pernas
e agora estiver no poleiro internado?
Que será das manhãs não anunciadas
se o Sol não souber o instante de sua chegada?
O será dos pintassilgos e dos pardais
dos garis, dos motoristas do metrô
dos barmen fatigados
do último turno do telemarketing
dos seguranças das baladas
e o horário dos bêbados em chegar em casa?
Uma manhã sem galo
é como se o dia entrasse mudo
e a madrugada de fininho saísse calada
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 31 de janeiro de 2024 15:56
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
Comentários2
..."Uma manhã sem galo
é como se o dia entrasse mudo"...
Que belo desenho poético!
Abraços!
Muito legal.
Lendo esse poema percebi que onde moro os dias começam mudos. Aqui não tem galo. A selva de pedras proíbe. Sei também de uma cidade onde o Padre por determinação judicial não pode tocar o sino da igreja. O ser humano está perdendo a percepção do belo e se afogando em coisas fúteis.
Quanto ao seu galo. Pode ser que ele tenha se mudado de endereço. rs
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