Escuro não é cor. É ausência.
E a ausência é a privação de tudo:
da luz, dos sons, dos cheiros, do tempo.
Onde não há nada, nada há para se ver
coisa alguma para se conhecer,
a submersão absoluta de tudo.
Meu primeiro escuro foi o útero,
mas do útero não me lembro.
Do que me lembro, de onde me lembro,
meu primeiro escuro foi daquele quarto,
onde na ausência das noites sem estrelas
e no abafado das portas fechadas,
o redor desaparece e o mais além inexiste
frente aos assombrados olhos infantis,
no desbotar dos brancos das paredes
Se uma vez já morri,
a outra morte que me espera
é voltar ao quarto escuro de antes,
e o dia com seus barulhos nunca mais amanhecer
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 29 de janeiro de 2024 08:44
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Edla Marinho, Antonio Luiz
Comentários2
Bom dia, poeta!
Os escuros sempre irão existir, não é?
Só vão mudando os formatos...
Como sempre nos brindando com seus belos textos!
Meu abraço!
Muito bom nobre poeta! Este medo do escuro me acompanha desde os tempos das cavernas.
Abraços!
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