Letícia Alves

Diary – fragmentos esparramados

imagine-se 

feito de cor;

rabisque-se 

com lápis preto

ou incolor.

 

criação, crie!

este é o seu 

mundo, com 

amor, temor,

pudor e dor. 

 

mergulhe em si, 

você que é feito

do que seja 

que for.

 

alma ambulante

encontre o seu 

ritmo, avante!

 

porque a vida

é o seja o que for.

— 10/08/23 às 1:26

 

 

a lua azul, 

o lírio do vale, 

o compreender, 

o fazer da vida

sem correr.

 

vi – e ainda 

vou ver –

esse é o

viver. 

— 10/08/23 às 1:21

 

 

saindo para adentrar na existência. 

ênfase de portas que 

enxugam lágrimas.

 

tudo que foi perdido foi um ganho.

finalmente, vamos de volta 

para casa.

 

ao meu lar.

lá.

 

lá de notas,

lá de adjetivo

e lá de não mais lamentos.

lá num outro acorde 

harmonioso e contente.

— início 10/08/23 às 1:21

fim 14/01/24 às 23:50

 

 

quando disse aquelas palavras automaticamente as apaguei.

foi como poeira. só tinha de passar de fora de mim e incomodar outrém. 

indo pra casa. lua santa, alta. canção de ninar. esquecimento. obscuro esquecimento. 

para você.

— 19/12/23 às 1:09

 

 

pedaços pequenos do que 

não quer ser grande, não 

pretende fraturar, desmontar.

contudo, como todo pedaço, 

anseia por ser dado como completo,

ser molde não colocado ao lado. 

 

sempre o mesmo. 

sempre zunindo e 

sumindo, o vagalume. 

 

desejo que não morra.

viva, nenúfares negros.

lírios fraternos d’água, viva.

— 10/08/23 às 01:19

 

 

deixar ir, deixar ser...

é a vida de novo. novo. 

noutros outros.

 

duma ‘intro’ para um ‘outro’.

— 19/12/23

 

 

Viver é Ser.

S entir

E errar

R econhecer 

Viver e Ser. 

— 19/12/23

 

 

eu vou lembrar de esquecer coisas

                 durante o verão

e vou esquecer de lembrar doutras 

                durante o inverno

— 15/12/23

 

 

nas profundezas do oceano 

não me interessa nada, 

no coração que palpita 

e chama a lua nova é onde 

está o meu (en)canto.

 

somos bonitos, mesmo

sem o verão que se foi.

 

porque nós amamos.

isso é tudo.

 

c-o-n-s-t-e-l-a-ç-ã-o.

 

                   [com amor-ação]

— 19/12/23

 

 

paleta de cor de água.

sentimentos.

euforia ou mágoa?

 

o azul é profundo

ou transparente.

 

sem uma linha

linear como eu.

 

paleta d’agua índigo.

a despeito da dúvida,

é doce abrigo. 

— 17/11/23

 

 

afastar

formar

findar

afinal

firmar

firmamento

fórmula

força

gota

ouça

zumbido

doce

trouxe

tranquilidade

a uma alma 

na cidade.

 

perambular

petrificado 

pela porta 

plena que 

permeia

o entardecer:

pondo-se para 

outro princípio.

— 03/11/23

 

fim. 

 

 

 

 

Comentários1

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...minha mui querida Letícia...,...olha, eu vou te contar,...fragmentas como nenhuma outra consegue fragmentar...,...mil fragmentações derramaste aqui (li tudinho -com gosto) e o curioso é que percebe-se uma "linha mestre" no todo desses "pedacinhos" de poesia ...,..em que pese toda a constante aleatoriedade havida, parecem que vão se fundindo formando um só grande poema...,...ainda que respeitando-se as individualidades e as singularidades dos textos em si, não tem como ao término da leitura deixar de se ter o sentimento de que o todo é um único poema -um grande , intrigante e portentoso poema...-a tua "personalidade" poética/literária, mesmo sem intenção, intrinsecamente a cada verso vai deixando rastros que acabam por moldar tudo num estonteante poemaço...,...pois é,...tudo com a tua "marca" ...,...esse é o teu mundo,...com amor, temor, pudor, dor,...,...vais criando fantasticidades mil! // (21/01/2023 às 13:56) /// Carinhos a ti.

    • Sergio Neves

      SERGIO NEVES - ...mola-mestre = mola-mestra // (21/01/2023 = 21/01/2024).



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