Paredes…

Ema Machado


Aviso de ausência de Ema Machado
NO


Paredes…

Ema Machado

 

Elas nos acolhem, estão vivas

Mudas acompanham nossa lida

Elas não falam, mas guardam nossos sentidos

Passei por algumas ao longo da vida

As primeiras paredes, lembram-me feridas

Gritavam sofrimentos de outras vidas

Com suor de meu pai foram erguidas

Em solo inclinado, pedregoso entre restos de asfalto

Parecia não brotar muita acolhida

Via apenas o rosto da pobreza, da tristeza

Assisti às sombras do medo

Cresci entre paredes caiadas e cinzentas

Éramos franzinos e desnutridos

Naquela rústica morada

Havia uma prole, pequenas e sofridas vidas

O tempo passou, tudo foi modernizado

De volta aquela morada, ainda ouço o lamento das paredes

De uma infância desvalida, apenas alguns risos 

Não sobrou quase nada para ser guardado… 

Outras paredes me acolheram

E nem foram por mim erguidas

Pareciam mudas, sem muita significativa.

Desfiz-me das muralhas, em meu entorno

haviam sido construídas

Não queria ser só, outra família foi constituída

Imprimimos em nossas paredes sonhos e expectativas

Não houve muito sucesso, e as paredes, foram

marcadas com minha trajetória de ruínas

Parto, em busca da felicidade perdida

Outras paredes, mais retalhos de vida

E entre outras paredes, enfim, a paz estabelecida

Não apertam, fui aos poucos restaurada

Minhas paredes ganharam outros sentidos

Me acolhem e protegem,

Por vezes, passeiam comigo

Ouço alguns soluços, entre risos…



 

 




  • Autor: Ema Machado (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de dezembro de 2023 20:49
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.