Tempo Sem Nome

Jose Kappel

 

Era eu um símbolo que
fazia rodopios diante
da memória:
sem atrações,
sem bandas.

 

 


Era um subúrbio de
solidão,
onde o feérico
eram as lágrimas
iluminadas por postes
enviezados.

Foi um tempo sem nome,
que ninguém alcança.


Foi uma época de renome
onde se perde até o
simples sonho de amar.

Foi um tempo assim,
lá atrás, onde dormem
os esquecidos.

Foi desta época que
guardo coisas
que nunca se vão:
o pão ardido da manhã,
as vielas apaziguadas de sereno,
as ruas vazias de mulheres,
as cores cinzentas
que remexiam as casas
num tom úmido e disperso.

Foi ali que me tornei
homem de quatro
espadas,
cavaleiro sem reino,
homem avulso,
sem amor,
devedor,
dono de causas perdidas.

Tudo muito esquecido, tudo muito eu.

  • Autor: Jose Kappel (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de dezembro de 2023 04:16
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9


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