Um, dois, três, zero

Sirukyps

 

Eu olho pro alto e quero pular.

Os carros, por cima de mim, poderiam passar

Nenhuma conversa prende a minha atenção

Sou um trem descarrilado na contramão

Torcendo "pelo acidente" onde vou me chocar

Pelo belo dia onde já não irei acordar

Enquanto isto, empurro a existência com a barriga

Sufocando as lágrimas, sou agradecida à vida

E paciente, mostro os dentes.

Abafo a ansiedade em minha mente

Misturo os remédios errados, perco a hora da refeição

Encho a cara de álcool e observo o fósforo em minha mão

E, outra vez, desisto.

As coisas precisam parecer um desencontro do destino

Uma tempestade, um bandido, uma enchente à beira mar

Para que, assim, a minha família não possa me culpabilizar

Para que meus amigos não falem "ela era uma pessoa tão contente"

Para que ninguém descubra o quanto a morte habitava em minha mente

  • Autor: Sirukyps (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de novembro de 2023 21:25
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 6


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.