Sirukyps

Um, dois, três, zero

 

Eu olho pro alto e quero pular.

Os carros, por cima de mim, poderiam passar

Nenhuma conversa prende a minha atenção

Sou um trem descarrilado na contramão

Torcendo \"pelo acidente\" onde vou me chocar

Pelo belo dia onde já não irei acordar

Enquanto isto, empurro a existência com a barriga

Sufocando as lágrimas, sou agradecida à vida

E paciente, mostro os dentes.

Abafo a ansiedade em minha mente

Misturo os remédios errados, perco a hora da refeição

Encho a cara de álcool e observo o fósforo em minha mão

E, outra vez, desisto.

As coisas precisam parecer um desencontro do destino

Uma tempestade, um bandido, uma enchente à beira mar

Para que, assim, a minha família não possa me culpabilizar

Para que meus amigos não falem \"ela era uma pessoa tão contente\"

Para que ninguém descubra o quanto a morte habitava em minha mente