Antonio Luiz

O finado poeta

saí de casa como noutros dias

levando a certeza do regresso

agarrada ao molho de chaves

no bolso externo da mochila

mas não era esse “o tal plano”

que urdia há dezenas de anos

quando tinha mãos quentinhas

a vida, ali daqueles segundos

das coisas que apenas têm ida

tempo do trem de lembranças

de tantos amores desprezados

dos olhares incompreendidos

dos beijos demasiado rápidos

das frases presas na garganta

e nos meus bloquinhos de notas

com tantos poemas começados...

e o peito doeu forte e infinitamente

a angústia de não os ter completado

e às minhas sobras ainda vermelhas

quando o lembrar já me havia partido

a espessa primeira lágrima póstuma

eu devo ter, por fim, ali misturado

naquela bonita manhã de noite

feita de asfalto e ferragens

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 03/11/23 --

  • Autor: Antonio Luiz (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de Novembro de 2023 10:22
  • Comentário do autor sobre o poema: Aos tantos poetas que já se foram, profissionais ou nem reconhecidos, e aos seus inúmeros textos não terminados!
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 8

Comentários3

  • Maria dorta

    Parabéns por ter terminado este!

    • Antonio Luiz

      Muito obrigado pela amável interação, querida poeta Maria!

      Um abraço.

    • Vilmar Donizetti Pereira

      Belo e sensível versejar, poeta Antônio Luiz! Parabéns! Bom final de semana! Um abraço.

      • Antonio Luiz

        Caro poeta Vilmar,

        Grato pela leitura e pelos comentários!

        Boa semana!
        Um abraço.

      • LEIDE FREITAS

        Um poema simples e bonito, prazeroso de ler.

        Boa tarde e até breve!

        • Antonio Luiz

          Querida poeta Leide,

          Obrigado pela gentileza da leitura e pelos afáveis comentários!

          Um abraço.



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