joaquim cesario de mello

UMA PONTE QUE O RIO AINDA NÃO LEVOU

 

No ontem em que já não estou

me ideava com um amanhã em que não sou

 

Algo se perdeu entre o antes e o depois

Em que hoje ficou minha outra face

que é aquela que a nenhum espelho revelo

e nem mesmos os velhos retratos sabem dela?

 

Quem fui se mistura nos nevoeiros da memória

com sonhos que a parede da vida não acordou

 

Sou uma ponte feita de dias findos e jamais

a me interligar as margens de um rio

em cujas águas alguma coisa de mim se afogou

 

Ao oceano que no fim me espera

sou aquele qual sou

e aquele outro quem não sou

 

Comentários1

  • Poesia, Eu Sou iamai

    BRAVO!!! CHAPÉU!!! UAUUU!!!

    Perfeito! Há muito tempo não lia um poema tão profundo e ciente de si.



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